domingo, 17 de maio de 2009

Justa homenagem a Amanda Bleher

Vriesea bleheri, rara espécie de bromélia endêmica da Mata Atlântica na Serra dos Órgãos (RJ), cujo nome foi dedicado à alemã Amanda Bleher. Acompanhe um resumo de sua trajetória em prol da flora brasileira neste post.

Amanda Flora Hilda Bleher (1910-1991) nasceu em Frankfurt (Alemanha), filha de um dos pioneiros no cultivo de plantas aquáticas naquele país, Adolf Kiel. Desde muito nova, acompanhava seu pai em excursões de coleta por toda a Europa.
Foi natural que a jovem Amanda virasse uma versão feminina de Indiana Jones daquela época, viajando por todo o mundo em busca de novas espécies de plantas. Logo se tornou a primeira mulher a competir em corridas de motocicletas com homens, vencendo 148 delas na Europa. Também venceu campeonatos de tênis, tênis-de-mesa (vice-campeã mundial), patinação (européia e no gelo), além de ter sido a primeira mulher a voar em avião sem motor!
Na década de 1950, Frau Bleher fez duas viagens à América do Sul, dando especial atenção ao Brasil - país pelo qual iria se apaixonar e viver o resto de sua longa e produtiva vida. No período 1958-1959, acompanhada de quatro filhos pequenos, passou dois anos entre os índios incivilizados de Mato Grosso, fazendo inúmeras descobertas de plantas novas. Suas aventuras nesta fase foram contadas no livro "Iténez, Fluss der Hoffnung" (="Iténez, Rio da Esperança"), uma divertida leitura. Sua venda está disponível no site http://www.aquapress-bleher.com/index.php?option=com_content&task=view&id=127&Itemid=22&lang=pt
Em 1959, fixou-se definitivamente em nosso país, estabelecendo-se no atual Vale das Pedrinhas, em Magé (RJ), onde montou uma maravilhosa coleção de plantas (aquáticas, orquídeas, bromélias e aráceas, principalmente). Durante décadas sua empresa Lotus Osiris Ltda. foi referência no cultivo desses grupos botânicos.
Sob a assinatura de "Lotus Osiris", Amanda escreveu inúmeros artigos contando suas descobertas e aventuras nas selvas brasileiras. No que toca às bromélias, seus textos aparecem no "Journal of the Bromeliad Society", principalmente durante a década de 1970.
Dentro do tema, uma de suas descobertas mais notáveis foi a espécie que ilustra este post, batizada pelos botânicos Roeth e Weber em sua homenagem como Vriesea bleheri.
Trata-se de uma linda bromélia em miniatura, atingindo menos de 15 cm de altura (inflorescência incluída). Suas folhas são estreitas e verde-brilhantes, roxas na face inferior; a inflorescência é de um belo amarelo-canário, com as brácteas dispostas em uma única haste (vide fotos que ilustram estas linhas). Por sua beleza, porte e preferência pela meia-sombra, presta-se de maneira admirável como elemento decorativo para pequenos espaços em jardins e residências. Infelizmente, ainda é pouco conhecida do grande público, estando restrita a poucas coleções botânicas.
Forte abraço!

4 comentários:

Vó Maqaqa disse...

Adoro esse seu jeito de "descobrir" as plantas.
Essa,realmente,é tentadora.
Velha Déa

Eduardo Jardim disse...

Olá, querida Déa!!!

Obrigado pela mensagem aqui no blog. Vc, como sempre, uma pessoa muito gentil.

Forte abraço!

Anônimo disse...

realmente, muito obrigado, isto é muito bem escrito. Linda lembranca a noss mae, que realmente foi uma pionera e nao so no Brasil, mas no mundo afora. Ela fez conhecer e fez pessoas apreciar as plantas aquaticas, bromelias e orchideas, e muitas plantas terrestres do Brasil no mundo afora, exportando no nome LOTUS OSIRIS para todos os contineutsidedd agentes do Rio de Janeiro... Obrigado, o filho mais jovem, Heiko Bleher

Eduardo Jardim disse...

Olá, Heiko, muito obrigado por prestigiar nosso blog. Seguindo o exemplo de sua mãe, você também merece todas as reverências por revelar ao mundo as maravilhas da vida aquática, em especial a dos peixes de aquário. Não por acaso, seu nome também está imortalizado em várias espécies. Forte abraço!