quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Frutificando a ameixa-da-austrália no Brasil

Documentamos no post de hoje a primeira frutificação da ameixa-da-austrália (Davidsonia pruriens) em solo brasileiro. Acompanhe a narrativa.

Desde que foi descoberta, na segunda metade do século XIX, a linda fruta que estampa estas linhas vem sendo entusiasticamente cultivada em todo o mundo tropical, seja por seus frutos comestíveis, seja por sua beleza como planta ornamental. Curiosamente, sua introdução no Brasil deu-se apenas na primeira década dos anos 2000, porém até o momento sem registro de frutificação. O texto de hoje vem preencher esta lacuna.

Em 1867, o botânico alemão Ferdinand von Mueller apresentou ao mundo científico uma nova "ameixa" nativa de Queensland, no nordeste da Austrália, descoberta pouco tempo antes por John Ewen Davidson, inglês de múltiplos talentos e pioneiro da indústria açucareira naquele país [Mueller, F.J.H. 1867.
Fragmenta Phytographiae Australiae 6: 4.]. Davidson havia desembarcado em Sydney dois anos antes, na flor de seus 24 anos de idade. Além de atividades empresariais, o britânico ainda encontrou tempo para explorações científicas na área de botânica e etnografia. Foi desta forma que entrou em contato com a "ooray", nome pelo qual a fruta é conhecida entre os aborígenes. Mueller batizou-a de Davidsonia pruriens, homenageando o primeiro europeu a perceber sua existência.

Ao contrário do que possa parecer, a ameixa-da-austrália não possui qualquer parentesco com a ameixa-européia (Prunus domestica), da família Rosaceae. A semelhança muito acentuada entre os dois frutos pode ser atribuída a uma mera coincidência, ou quem sabe à convergência adaptativa. O fato é que D. pruriens pertence à família Cunoniaceae, de distribuição pantropical mas com apenas dois gêneros nativos do Brasil (Lamanonia e Weinmannia), ambos sem importância horticultural.

Na Natureza, nosso tema de hoje cresce em uma área bem extensa, na floresta tropical litorânea de Queensland, desde o nível do mar até altitudes de 1000 m. Tal versatilidade explica sua enorme facilidade de cultivo e adaptação nas mais diversas regiões brasileiras: clientes do E-jardim (www.e-jardim.com) vêm nos relatando ótimas adaptações em estados de climas tão diversos como Alagoas e Santa Catarina! Não restam dúvidas de que também possa ser cultivada em municípios sujeitos a geadas, haja vista que em cidades de clima análogo na Califórnia (EUA) ela se ambientou perfeitamente.

Muitos são os relatos e recomendações desta espécie como frutífera e como planta ornamental. Um dos mais antigos é o trabalho de Bailey
[Bailey, F.M. 1895. Edible fruits indigenous to Queensland. No. 1. Davidsonian Plum. Queensland Agric. 2: 471]. Para quem prefirir publicações mais modernas, recomendo um guia australiano [Low, T. 1991. Wild food plants of Australia. Sydney, Angus & Robertson. 240 p.] e o livro do guru da fruticultura orgânica, Sadhu Govardham [Govardham, S. 2007. Oro Verde, securing the future of our food. Puerto Rico, Antillian University Press. 309 p.].

Aqui no E-jardim, D. pruriens apresentou uma excelente adaptação e crescimento espantoso. Uma muda levada ao campo em 2008 acaba de frutificar pela primeira vez (veja a foto), logo após a primeira floração. Ela está plantada próxima a um córrego, em terreno bem drenado e recebendo luminosidade solar a maior parte do dia. Periodicamente, aplicamos uma adubação de crescimento e de frutificação. A cor intensamente vermelha da polpa, que contrasta dramaticamente com o negro-azulado da finíssima casca muito nos surpreenderam. As sementes são minúsculas, apenas duas por fruto, proporcionando um rendimento fantástico de polpa.

O sabor ácido mas sem nenhuma adstringência, embora não a promova como fruta de mesa, em muito a qualifica como ingrediente nobre para o preparo de doces, geléias e chutneys. Em seu país de origem já existem plantações comerciais e processamento industrial, visando o mercado de alta gastronomia. Evidentemente, trata-se de uma boa oportunidade de negócio, ainda inexplorada no Brasil. Verifique o site (e os altos preços atingidos!):

http://www.outbackchef.com.au/shopping/davidson/102/1

Outra combinação muito interessante é a do doce em pasta com queijo camembert. Leia em:

http://www.abc.net.au/tv/cookandchef/txt/s2625373.htm

Mudas médias e grandes da ameixa-da-austrália podem ser encontradas em nosso site:

http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=34

Forte abraço!

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mudas de keppel disponíveis!


Em um post antigo (29 de janeiro de 2009), narramos a epopeia do keppel (Stelechocarpus burahol), lendária fruta asiática, que vinha a ser a fruta favorita entre as mulheres do harém do Sultão de Yogyakarta. Estamos, finalmente, disponibilizando um número muito limitado de mudas desta espécie, além de outras bastante raras e especiais. Consulte nosso site, www.e-jardim.com, para orçamentos, ou diretamente através do e-mail de contato (e-jardim.com).

Eis a lista de novidades:

- Cordia taguayensis (córdia-anã-de-flores-brancas)
- Cenostigma tocantinum (cássia-negra)
- Diospyros cauliflora (caqui-jabuticaba)
- Eucalyptus deglupta (eucalipto-de-tronco-arco-íris)
- Eugenia reinwardtiana (cereja-da-austrália)
- Eugenia sp. nv. (pitanga-feijoa)
- Lecythis pisonis (sapucaia-vermelha)
- Magnolia ovata (magnólia-nativa)
- Monodora myristica (iobó)
- Murraya koenigii (curry leaf)
- Pappea capensis (lichia-vermelha)
- Sandoricum koetjape (santol)
- Sideroxylon obtusifolium (sapotiaba)
- Stelechocarpus burahol (keppel)
- Symphonia globulifera (ananim)
- Zygia latifolia (ingá-sangue-de-flores-brancas)
- Zygia sanguinea (ingá-sangue)

Abraço!