sábado, 24 de julho de 2010

Cultivando o palillo, uma história de sucesso

Temos o prazer de apresentar a nossos leitores os primeiros palillos (Campomanesia lineatifolia) frutificados na Região Sudeste do Brasil, aqui no E-jardim.











Desde antes da era colonial, uma deliciosa fruta silvestre já era cultivada na Amazônia Peruana. Segundo os botânicos espanhóis José Antonio Pavón e Hipólito Ruiz, que viajaram por Peru e Chile entre 1779 e 1788, ela era conhecida como palillo e muito estimada localmente. Aos interessados em maiores detalhes, recomendo a leitura online da narrativa dos referidos exploradores: http://www.archive.org/details/travelsofruizpavfiruiz (pág. 202).
Em trabalho posterior [Ruiz, H. & J. A. Pavón. 1798. Systema Veget.: 128], os autores descreveram-na formalmente, criando o epíteto de Campomanesia lineatifolia. A mesma espécie, colhida na Colômbia (em 1823) e no Brasil (entre Coari e Tefé, em 1829), chegou a receber outros nomes (respectivamente, Campomanesia cornifolia e Psidium rivulare), que acabaram caindo em sinonímia.

Existem pouquíssimos registros de coleta do palillo em nosso país. Referem-se quase todos à Amazônia Ocidental, especificamente as cidades de Tefé, Coari e São Paulo de Olivença, todas no Estado do Amazonas. Em cultivo, há um relato de Paulo Cavalcante para o povado de Benfica, no Pará, além do Museu Goeldi em Belém [Cavalcante, P. 1996. Frutas Comestíveis da Amazônia. Belém, Museu Parense Emílio Goeldi: 113].

Tempos atrás, oferecíamos em nosso site (http://www.e-jardim.com/) mudas desta interessante fruta, descendentes de uma árvore ímpar, curiosamente cultivada na cidade de Porto Alegre (RS). O inusitado deveu-se à "teimosia" de um Padre, que trouxera sementes da Amazônia, muitos anos antes. Apesar de toda a diferença climática, houve uma adaptação perfeita, e produção constante de frutos, com tamanho máximo de 5 cm de diâmetro. Infelizmente, as mudas que produzimos foram poucas, e se esgotaram rapidamente.

Nossa experiência com o cultivo de Campomanesia lineatifolia data do ano de 2002. Foi quando plantamos duas mudas descendentes das sementes colhidas por Harri Lorenzi (Instituto Plantarum) na Amazônia. As plantas desenvolveram-se rapidamente aqui no E-jardim, apresentando uma taxa de crescimento bastante elevada. Contudo, apesar de frequentes adubações, nenhum dos dois exemplares sequer floresceu até recentemente.

Foi quando ficamos muito surpresos (e satisfeitos!) ao verificar uma bela carga de frutos nos dois exempares cultivados. Melhor ainda, os palillos apresentavam um tamanho bem maior que os de Porto Alegre, chegando a 7-8 cm de diâmetro (ver foto que ilustra este post).

O sabor merece os mais altos elogios, rivalizando com Campomanesia laurifolia, até então a guabiroba de melhor sabor em nossa opinião. Porém, o rendimento em porcentagem de polpa da espécie amazônica é muito maior, fato que a recomenda com louvor para o cultivo comercial.

Esperarmos, brevemente, poder novamente ofertar mudas desta verdadeira dádiva da Floresta Amazônica.

Forte abraço!