domingo, 7 de dezembro de 2008

Pisando em guaburitis








Este espaço conta novamente com a valorosa colaboração de Antonio Morschbacker, que hoje nos relata seu encontro com os saborosos guaburitis. Para quem ainda não conhece, aqui vai o endereço de sua página sobre frutas nativas:
(http://paginas.terra.com.br/educacao/FrutasNativas/)

Plinia rivularis é uma arvoreta rara, apesar de estar dispersa por boa parte do Brasil. Ela ocorre em estado silvestre desde o Pará, mas é especialmente frequente nos estados da Região Sul, alcançando ainda a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Os seus frutos, dependendo da região, são chamados de baporeti, guaburiti, guaramirim ou cambucá-peixoto. Esta mirtácea é uma parente próxima do cambucá (Plinia edulis) e das várias espécies de jabuticabas (atualmente incluídas no gênero Myrciaria).

Em 2006 fui informado sobre a existência de uma pequena árvore bastante produtiva ao sul de Porto Alegre. Após algumas visitas pude finalmente encontrá-la em plena frutificação.

Todos já ouviram falar na expressão "pisando em ovos". Foi assim que me senti durante a coleta que fiz do guaburiti.

A arvoreta de tronco múltiplo alcança cerca de seis metros de altura. Ao final do inverno, começa a emitir uma nova brotação de cor avermelhada, típica de algumas mirtáceas. A floração tem início no final de setembro e os seus frutos globosos começam a amadurecer 2 meses depois. Estes não são muito grandes, possuindo em média 2 cm de diâmetro. São ligados aos ramos por um pecíolo ("cabinho") longo de até 1 cm.

Mas em compensação à pequena dimensão dos frutinhos, a arvoreta estava carregadíssima. Estimei que entre os frutos já caídos no chão e aqueles ainda nos ramos, havia cerca de 5 mil unidades. Os imaturos são verde claros e, à medida que amadurecem, vão mudando a sua tonalidade para o amarelo, passando pelo alaranjado, pelo vermelho, pelo vinho, até ficarem quase negros. Este fenômeno proporciona à árvore em frutificação uma nuance de todas essas cores contrastadas com o verde de suas folhas (e no dia da coleta com o belíssimo céu azul!). Com o amadurecimento, o sabor da suculenta polpa dos guaburitis perde a acidez e ganha em doçura.

A quantidade de frutos no chão era tanta que era inevitável pisar em alguns a cada passo, fazendo com que, por mais cuidado que eu tivesse, a sua casca lisa e fina se rompesse e aqueles estourassem. Eu e minha filha nos sentimos como se estivéssemos pisando em plástico bolha. Como cada guaburiti possuía 1 ou 2 sementes, fiquei intrigado porque uma espécie tão bonita, tão produtiva e com frutos tão gostosos, não seria mais difundida.

Para saber mais, acesse:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=225

8 comentários:

Unknown disse...

Eduardo!

Que matéria excelente! Adorei! Como sempre, as características das espécie são tão bem descritas que nos desperta o eterno desejo de sempre querer aprender muito mais por aqui. Além disso, a descrição do sabor dos frutos é tão perfeita que insita o paladar, chega a dar água na boca!
Deixo aqui meus cumprimentos e o meu agradecimento pelas suas grandiosas informações.

beijos florais da amiga Rô

Eduardo Jardim disse...

Olá Rosangela!

Que ótimo que vc tenha gostado da matéria! Isto só nos incentiva a, cada vez mais, buscar novidades para apresentar a vocês!

Forte abraço!

Eduardo Jardim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lucia disse...

Fantástica coleção de Myrtaceas, Eugenias e etc. A diversidade brasileira ainda é maior que a gente imagina...

Eduardo Jardim disse...

Correto, Lucia!

Estima-se em 2000 o número de espécies brasileiras de mirtáceas, muitas ainda nem conhecidas pela ciência.
Imagine só quantas espécies de potencial fantástico!

Abraços

Paulo Romero de Farias Neves disse...

Olá Eduardo,
encontrei seu blog por acaso,pois,estava pesquisando sobre plantas,e achei-o muito completo.
Sou um amante da natureza,crio abelhas nativas ,no interior da Paraiba.
Como não podia deixar de ser,que ama abelhas nativas,ama as árvores nativas também.

Tenho um blog sobre abelhas nativas.


Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
http://urucueabelhasnativas.blogspot.com

Eduardo Jardim disse...

Olá Paulo Romero, seja bem vindo a nosso blog!!!

Como vc deve ter percebido, gostamos muito de mirtáceas, que são plantas extremamente melíferas!!!

Uma das eugênias que mais me impressionou foi a E. punicifolia (cereja-da-praia), que produz uma imensa carga de flores, visitadíssimas por abelhas do gênero Melipona. Um show!

Abração!

Anônimo disse...

Olá ! Esta árvore fez parte da infância das minhas irmãs, como trabalho com educação ambiental fiquei encarregada de pequisar, só aqui pude ter certeza de que é a planta que procuro.Parabéns, obrigada por dividir teu conhecimemto sobre o guaburiti.