Acompanhe a trajetória de Eugenia stipitata, sensacional fruta amazônica |
O botânico Rogers McVaugh (1909-2009) foi um dos mais longevos (e produtivos!) pesquisadores da família Myrtaceae, à qual pertencem frutas tão apreciadas quanto os araçás, as jabuticabas e as eugênias. No ano de 1956, época em que lecionava na Universidade de Michigan (EUA), publicou um trabalho descrevendo várias mirtáceas novas endêmicas da Amazônia Ocidental (McVaugh, R. 1956. Tropical American Myrtaceae: notes on generic concepts and description of previously unrecognized species. Fieldiana: Botany, 29(3): 145-228). Nas páginas 219-220, foi apresentada ao mundo científico Eugenia stipitata, uma arvoreta bastante singular, encontrada em duas populações naturais prontamente diferenciáveis e agrupadas em duas subespécies, E. stipitata ssp. stipitata e E. stipitata ssp. sororia. A distribuição natural apontada correspondia a áreas da Amazônia Ocidental, no triângulo fronteiriço Brasil-Peru-Colômbia.
Entretanto, o araçá-boi (nome aplicado no Brasil) ou arazá (termo peruano) só começou a se popularizar fora de seu berço natal a partir das décadas de 1980 e 1990, quando grupos de pesquisadores dos dois países passaram a selecionar variedades de características excepcionais. Dentre a subespécie sororia, escolheram exemplares de porte baixo (2-3 m), precoces (frutificando a partir dos 2 ou 3 anos de idade) e produtores de frutos enormes (300-600 gramas, com rendimento superior a 70% de polpa), de casca fina, amarelo-canário e levemente aveludada, muito aromáticos, de sabor acidulado e atraente.
Além de deliciosa sob a forma de sucos, drinques e geleias, a polpa do araçá-boi é altamente nutritiva, riquíssima em minerais e vitaminas. Transcrevemos (Villachica et al., 1996. Frutales y hortalizas promisorios de la Amazonia. Arazá (Eugenia stipitata): 25-32. Lima, 367 p.) uma tabela com os valores nutricionais por 100 gramas de massa:
Componente Conteúdo (% massa seca)
Proteína 5,0 a 10,9
Carboidratos 70,0 a 80,6
Gorduras 0,5 a 3,8
Cinzas 0,5
Fibras 5,5 a 6,5
Pectina 3,4
Nitrogênio 1,31 a 1,75
Fósforo 0,09
Potássio 1,83 a 2,47
Cálcio 0,16 a 0,22
Magnésio 0,08 a 0,12
Vitamina A (mg % massa fresca) 7,75
Vitamina B1 (mg % massa fresca) 9,84
Vitamina C (mg % massa fresca) 7,7 a 74,0
Vale salientar que o sabor desta fruta amazônica se assemelha ao de outras eugênias nativas da Mata Atlântica, como por exemplo a uvaia (Eugenia pyriformis) e a pitangatuba (Eugenia selloi, sinônimo E. neonitida). Entretanto, a o tamanho (e consequentemente o aproveitamento) do fruto é tremendamente superior no araçá-boi, elegendo esta espécie como a "Rainha das Eugênias". Mais informações e mudas disponíveis em:
http://e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=89
No post seguinte, mostraremos como preparamos e utilizamos a polpa aqui no E-jardim.
Forte abraço!
2 comentários:
Gostei da matéria! Plantei duas mudas recentemente em Analândia, região central do estado de São Paulo, mas está difícil o desenvolvimento da planta. Alguma dica?
O ideal é adquirir mudas maiores do araçá-boi. Elas possuem um desenvolvimento lento mesmo, e para crescerem bem necessitam de umidade no solo (sem encharcamento) e boa adubação, além de luz suficiente.
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