sábado, 5 de julho de 2014

A Rainha das Eugênias

Acompanhe a trajetória de Eugenia stipitata, sensacional fruta amazônica














O botânico Rogers McVaugh (1909-2009) foi um dos mais longevos (e produtivos!) pesquisadores da família Myrtaceae, à qual pertencem frutas tão apreciadas quanto os araçás, as jabuticabas e as eugênias. No ano de 1956, época em que lecionava na Universidade de Michigan (EUA), publicou um trabalho descrevendo várias mirtáceas novas endêmicas da Amazônia Ocidental (McVaugh, R. 1956. Tropical American Myrtaceae: notes on generic concepts and description of previously unrecognized species. Fieldiana: Botany, 29(3): 145-228). Nas páginas 219-220, foi apresentada ao mundo científico Eugenia stipitata, uma arvoreta bastante singular, encontrada em duas populações naturais prontamente diferenciáveis e agrupadas em duas subespécies, E. stipitata ssp. stipitata e E. stipitata ssp. sororia. A distribuição natural apontada correspondia a áreas da Amazônia Ocidental, no triângulo fronteiriço Brasil-Peru-Colômbia.

Entretanto, o araçá-boi (nome aplicado no Brasil) ou arazá (termo peruano) só começou a se popularizar fora de seu berço natal a partir das décadas de 1980 e 1990, quando grupos de pesquisadores dos dois países passaram a selecionar variedades de características excepcionais. Dentre a subespécie sororia, escolheram exemplares de porte baixo (2-3 m), precoces (frutificando a partir dos 2 ou 3 anos de idade) e produtores de frutos enormes (300-600 gramas, com rendimento superior a 70% de polpa), de casca fina, amarelo-canário e levemente aveludada, muito aromáticos, de sabor acidulado e atraente.

Além de deliciosa sob a forma de sucos, drinques e geleias, a polpa do araçá-boi é altamente nutritiva, riquíssima em minerais e vitaminas. Transcrevemos (Villachica et al., 1996. Frutales y hortalizas promisorios de la Amazonia. Arazá (Eugenia stipitata): 25-32. Lima, 367 p.) uma tabela com os valores nutricionais por 100 gramas de massa:

Componente                                  Conteúdo (% massa seca)
Proteína                                         5,0 a 10,9
Carboidratos                                 70,0 a 80,6
Gorduras                                        0,5 a 3,8
Cinzas                                            0,5
Fibras                                             5,5 a 6,5
Pectina                                           3,4
Nitrogênio                                     1,31 a 1,75
Fósforo                                          0,09
Potássio                                        1,83 a 2,47
Cálcio                                            0,16 a 0,22
Magnésio                                     0,08 a 0,12
Vitamina A (mg % massa fresca)   7,75
Vitamina B1 (mg % massa fresca) 9,84
Vitamina C (mg % massa fresca)   7,7 a 74,0       

Vale salientar que o sabor desta fruta amazônica se assemelha ao de outras eugênias nativas da Mata Atlântica, como por exemplo a uvaia (Eugenia pyriformis) e a pitangatuba (Eugenia selloi, sinônimo E. neonitida). Entretanto, a o tamanho (e consequentemente o aproveitamento) do fruto é tremendamente superior no araçá-boi, elegendo esta espécie como a "Rainha das Eugênias". Mais informações e mudas disponíveis em:

http://e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=89
 
No post seguinte, mostraremos como preparamos e utilizamos a polpa aqui no E-jardim.

Forte abraço!

2 comentários:

Pousada Recanto Som das Águas disse...

Gostei da matéria! Plantei duas mudas recentemente em Analândia, região central do estado de São Paulo, mas está difícil o desenvolvimento da planta. Alguma dica?

Eduardo Jardim disse...

O ideal é adquirir mudas maiores do araçá-boi. Elas possuem um desenvolvimento lento mesmo, e para crescerem bem necessitam de umidade no solo (sem encharcamento) e boa adubação, além de luz suficiente.