domingo, 14 de fevereiro de 2010

Jabuticabeira-caipirinha, campeã dos Bonsais

Tida como forma botânica ou espécie próxima a Myrciaria jaboticaba, a variedade da foto ao lado caracteriza-se por ostentar copa muito densa, baixa e ampla, além das folhas e frutos de tamanho diminuto.

Durante expedições patrocinadas pelo Instituto Plantarum (http://www.plantarum.org.br/), tivemos a oportunidade de estudar diversas populações silvestres de jabuticabeiras. Dentro deste contexto, muito nos impressionou a região centro-leste de Minas Gerais, que engloba as nascentes dos Rios Doce, Jequitinhonha e Mucuri. A área é bastante ampla e inclui ambientes de Mata Atlântica e Cerrado, além naturalmente de zonas de transição.
A explosão de biodiversidade atinge seu ápice nos arredores da cidade de Diamantina, onde pelo menos cinco formas ou espécies das pretinhas disputam espaço nos campos e quintais. Fato, aliás, já registrado desde o século XIX por ninguém menos que o famoso botânico-viajante Auguste de Saint-Hilaire (vide posts dos dias 21/09/2008 e 18/01/2009). Em sua obra sobre as plantas úteis de nossa flora (Saint-Hilaire, A. 1828. Plantes usuelles des brasiliens. Paris, Liv. Grimbert. 340 p.), o emérito francês já destacava: "As jabuticabeiras, transportadas das florestas para os jardins de São Paulo e de Tejuco [atual Diamantina], lá produzem frutos deliciosos (...)".
De acordo com nossas observações, a forma carinhosamente apelidada de "caipirinha" pelos diamantinos é a mais frequente na área. Ela apresenta uma altura de aproximadamente dois metros, versus um diâmetro de copa muito maior, que pode atingir até seis a oito metros. Isto ocorre porque a planta é muito ramificada desde a base, formando um emaranhado de troncos múltiplos, que posteriormente enchem-se de frutos. Os últimos são negros, de casca lisa e brilhante, esféricos e medindo apenas 1,0-1,5 cm de diâmetro; o sabor é doce e muito agradável, tal qual a jabuticaba-sabará (Myrciaria jaboticaba).
Em estado nativo, cresce sobre morros, em área de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. Já a observamos em Cerrado (crescendo ao lado de Plinia nana, a jabuticabeira-anã-do-cerrado) e na Floresta Atlântica Semidecídua (em companhia de uma espécie não descrita pela ciência, a jabuticaba-peluda-do-jequitinhonha).
Mas alguns atributos tornam a caipirinha perfeita para bonsaísmo. Suas folhas são mínimas, medindo em uma planta adulta apenas 1,0-1,5 cm de comprimento x 0,8-1,0 cm de largura. Seus frutos também diminutos, além da forma bizarra da árvore, tornam-na indiscutivelmente a mais apropriada para a arte criada pelos japoneses. Muitos adeptos procuram o e-jardim para fornecimento de mudas desta obra-prima da Flora Brasileira:

http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=335]