A folhagem jovem do cambucá-preto, de coloração ferrugínea e aveludada, contrasta fortemente com o tom verde-escuro das folhas maduras, produzindo um belo efeito visual
Folhas novas (acima e ao lado) vistas em detalhe, exibindo as características que as tornam tão ornamentais. Experimente clicar nas imagens para ampliá-las
O cambucá-preto ganhou fama através das páginas do "Dicionário das Plantas Úteis do Brasil", obra escrita por M. Pio Corrêa, da qual já falamos anteriormente (vide post do dia 11/06/2008). O velho naturalista assim anotou em um pequeno verbete: "Árvore pequena, apenas alcançando 3 m de altura; folhas opostas, longo-pecioladas, oblongo-ovadas, ferrugíneo-aveludadas, discolores, coriáceas até 10 cm de comprimento e 5 cm de largura; flores sésseis, brancas, de 4 sépalas e 4 pétalas, dispostas em racemos; fruto baga vermelho-escura, contendo 1 semente envolta em polpa avermelhada, comestível, ligeiramente ácida. Vegeta na restinga do Rio de Janeiro."
Àquela época, na primeira metade do século XX, a espécie era conhecida pelo nome científico de Eugenia velutina Berg, referência explícita ao verso da folha e aos ramos e folhas novas, de textura macia, agradabilíssima ao toque tal qual veludo. Posteriormente, verificou-se que a mesma planta já tinha um nome mais antigo (e portanto com prioridade sobre o anterior): Eugenia macrosperma De Candolle, alusão ao tamanho da semente (do latim macro = grande + sperma = semente).
Não importa a denominação que se empregue, o fato é que a escolhida para o texto de hoje possui atributos que a qualificam com louvor para composições paisagísticas. A começar pelo seu porte, pequeno, esguio e de copa cheia. Em seguida, vem o fenômeno das brotações ferrugíneas sobre a folhagem verde. Para completar, ainda produz um fruto para lá de interessante, negro em seu exterior, porém exsudando um sumo cor de rubi. Sucos ou geléias preparadas com o cambucá-preto adquirem, por este motivo, esta bela tonalidade.
Neste momento, Eugenia macrosperma prepara-se para lançar as primeiras flores. Para não deixar o leitor na saudade, aqui vai o link da espécie em nosso site, onde aparecem imagens dos frutos, além das usuais dicas de cultivo:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=64
Forte abraço!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
domingo, 6 de setembro de 2009
Variedade de jabuticaba-coroada para climas tropicais
A jabuticaba-coroada (Myrciaria coronata), caracterizada pela grande circunferência dourada no ápice, era conhecida apenas das Serras de SP e MG. Apresentamos uma variedade adaptada às restingas litorâneas do RJ.
A maior jabuticaba de que se tem notícia pertence à espécie Myrciaria coronata, medindo pouco mais de 4,5 cm de diâmetro. Sua casca escura, quase negra ao completar a maturação, é dotada de uma cicatriz clara e circular, ocasionada pela queda do cálice. Justamente a tal coroa que lhe emprestou a alcunha.
Coube ao estudioso João Rodrigues de Mattos (ver post do dia 26/09/2008) o privilégio de descrevê-la botanicamente (Mattos, J.R. 1976. Espécies novas da secção cauliflorae Berg de Myrciaria Berg (Myrtaceae). Loefgrenia, 51: 1-10), a partir de um exemplar cultivado em São Paulo/SP, mais especificamente no Parque do Estado em Água Funda. Infelizmente este exemplar foi destruído poucos anos depois, conforme relatado pelo autor: "A planta que forneceu o material da coleção típica já não mais existe. Foi arrancada pelos tratores durante a construção da Rodovia dos Imigrantes, no trecho que passou por dentro do Parque do Estado, na Água Funda, em São Paulo (capital)" (Mattos, J.R. 1983. Jaboticabeiras. Publicação IPRNR nr. 10. Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. 76 p.). O pesquisador ainda encontrou a mesma espécie em três cidades mineiras: Viçosa (na Universidade Federal), Camanducaia e Paraisópolis.
Estudos patrocinados pelo Instituto Plantarum (http://www.plantarum.org.br/) revelaram a ocorrência de populações naturais na região serrana de Minas Gerais e São Paulo. A jabuticabeira-coroada parecia estar sempre associada a climas amenos e regiões de altitude, dificultando seu cultivo em terrenos tropicais ao nível do mar.
Foi portanto com grande satisfação que localizamos uma variedade de Myrciaria coronata cultivada há gerações por caiçaras nas restingas da Costa do Sol fluminense. Melhor ainda, seus frutos são saborosíssimos, dotados de casca fina e muito doces (elevado grau Brix), com grande porcentagem de polpa disponível. As árvores são relativamente baixas (2,5-3 m) e muito produtivas, vegetando sobre solo bastante arenoso. Certamente se adaptará muito bem a sítios litorâneos e regiões tropicais em todo o Brasil.
[Mais detalhes e fotos em: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=302]
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