O raro açaí-branco (Euterpe oleracea var. branco), disputadíssimo pelos comerciantes da bebida em Belém (PA).
O núcleo histórico da cidade de Belém do Pará abriga o famoso Mercado Ver-o-Peso, imperdível feira livre de grande interesse gastronômico. Criado pelos portugueses no longínquo século XVII para taxar as mercadorias que circulavam pela Amazônia, entre suas atrações atuais estão pontos de venda dos mais variados artigos, tais como carnes e embutidos, plantas medicinais, artesanatos, verduras e naturalmente deliciosas frutas amazônicas. Dentre as últimas, o comércio do açaí ganhou grandes proporções, a ponto de ser realizado em uma área especialmente reservada, junto ao local onde atracam muitas dezenas de pequenas embarcações de madeira movidas a óleo diesel. Trata-se da afamada Feira do Açaí, que acontece diariamente a partir do raiar do sol. Uma enorme quantidade de paneiros (cestos) repletos de pequenos frutos negro-arroxeados colhidos na floresta é descarregada e oferecida para venda. A multidão de compradores disputa os melhores lotes, levando em conta características como grau de maturação, tamanho e variedade. O destaque fica por conta do açaí-branco, que chega em pequeníssimo volume. Esta variação é assim denominada porque seus frutos, mesmo em estágio completo de maturação, apresentam a casca de coloração verde-escura, nunca roxa ou enegrecida. A polpa possui coloração mais clara, verde-creme. O fato é que as poucas vasilhas do açaí-tinga (outra denominação, pois a última palavra significa branco em tupi-guarani) são as primeiras a acabar. Comerciantes e entendidos disputam-nas com fervor. Contam que seu sabor é superior ao do roxo, o que por sinal é corroborado pelo preço mais elevado. Em recente visita a Belém, tive a oportunidade de experimentar a iguaria, além de fotografar os incomuns frutinhos. Na impossibilidade de brindar os leitores com o delicioso vinho, segue a foto que abre este texto.
Forte abraço!
[mudas de açaí-branco em nosso site: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=327]
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
Mudas de Plinia renatiana
Conheça o cambucá-rugoso, novidade do Espírito Santo
Ilustração botânica de Plinia renatiana, publicada em sua descrição original (1991)
O gênero Plinia é conhecido dos apreciadores de frutas brasileiras por abrigar os saborosos cambucá (P. edulis) e guaburiti (P. rivularis). A respeito de ambos já tratamos aqui neste espaço (vide os posts dos dias 09 e 11/06/2008 e 07/12/2008, respectivamente).
O gênero Plinia é conhecido dos apreciadores de frutas brasileiras por abrigar os saborosos cambucá (P. edulis) e guaburiti (P. rivularis). A respeito de ambos já tratamos aqui neste espaço (vide os posts dos dias 09 e 11/06/2008 e 07/12/2008, respectivamente).
Mas o que poucos sabem é que existem cerca de 40 outras espécies congêneres. São todas nativas da Região Neotropical, ocorrendo desde o Sul do Brasil e Peru até as Índias Ocidentais e Cuba, além da América Central (Panamá, Costa Rica, Nicarágua e Belize). Particularmente, a região da Mata Atlântica é muito rica em plínias, quase todas ainda desconhecidas sob condições de cultivo.
Hoje falaremos de uma delas, originária da chamada "Hiléia Baiana" (região florestal que abrange o nordeste do Espírito Santo e Sudeste da Bahia). Esta formação compreende extensas planícies, com altitude em torno dos 30 m, que lamentavelmente vêm sendo dizimadas para o plantio de eucalipto.
A eleita para o texto de hoje foi descrita por duas damas da botânica brasileira: a saudosa Dra. Graziela Maciel Barroso e a Dra. Ariane Luna Peixoto [Barroso, G. M. & A. L. Peixoto. 1991. Novas espécies para o gênero Plinia (Myrtaceae). Atas da Sociedade Botânica do Brasil, 3(12): 97-102]. Na publicação original, as autoras destacam que suas características florais a aproximam de P. rivularis, nosso conhecido guaburiti. Seu nome de batismo foi dado em homenagem ao engenheiro agrônomo Renato Moraes de Jesus, que proporcionou exemplares para o estudo.
Plinia renatiana é uma árvore média, atingindo pouco mais de 10 m de altura na Natureza e dotada de tronco com casca esfoliante (como a de uma goiabeira). Suas folhas são médias a grandes (10-14 cm de comprimento x 4-5 cm de largura), verde-escuras, brilhantes e lisas em sua face superior. Os frutos são relativamente grandes (aproximadamente 4 cm de diâmetro), de casca amarelada e com superfície bastante rugosa ("densamente glandulosa", no vocabulário técnico). Por ocasião da maturação tomam a aparência de um "cambucá-rugoso", daí o epíteto vulgar.
Infelizmente, não tive a oportunidade de testar frutos em boas condições de conservação. Mas, a julgar pelos comentários das pessoas, possuem bom sabor. Opinião idêntica têm os animais silvestres, que com os cambucás-rugosos se fartam.
No próximo post, publicaremos as imagens das viçosas mudas desta espécie produzidas aqui no E-jardim. Até breve!
Hoje falaremos de uma delas, originária da chamada "Hiléia Baiana" (região florestal que abrange o nordeste do Espírito Santo e Sudeste da Bahia). Esta formação compreende extensas planícies, com altitude em torno dos 30 m, que lamentavelmente vêm sendo dizimadas para o plantio de eucalipto.
A eleita para o texto de hoje foi descrita por duas damas da botânica brasileira: a saudosa Dra. Graziela Maciel Barroso e a Dra. Ariane Luna Peixoto [Barroso, G. M. & A. L. Peixoto. 1991. Novas espécies para o gênero Plinia (Myrtaceae). Atas da Sociedade Botânica do Brasil, 3(12): 97-102]. Na publicação original, as autoras destacam que suas características florais a aproximam de P. rivularis, nosso conhecido guaburiti. Seu nome de batismo foi dado em homenagem ao engenheiro agrônomo Renato Moraes de Jesus, que proporcionou exemplares para o estudo.
Plinia renatiana é uma árvore média, atingindo pouco mais de 10 m de altura na Natureza e dotada de tronco com casca esfoliante (como a de uma goiabeira). Suas folhas são médias a grandes (10-14 cm de comprimento x 4-5 cm de largura), verde-escuras, brilhantes e lisas em sua face superior. Os frutos são relativamente grandes (aproximadamente 4 cm de diâmetro), de casca amarelada e com superfície bastante rugosa ("densamente glandulosa", no vocabulário técnico). Por ocasião da maturação tomam a aparência de um "cambucá-rugoso", daí o epíteto vulgar.
Infelizmente, não tive a oportunidade de testar frutos em boas condições de conservação. Mas, a julgar pelos comentários das pessoas, possuem bom sabor. Opinião idêntica têm os animais silvestres, que com os cambucás-rugosos se fartam.
No próximo post, publicaremos as imagens das viçosas mudas desta espécie produzidas aqui no E-jardim. Até breve!
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Saindo do forno: Árvores Brasileiras vol. 03
Acaba de ser lançado o terceiro volume de "Árvores Brasileiras - Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil", best-seller do Engenheiro Agrônomo Harri Lorenzi.
O primeiro livro da série (1992) trazia o ineditismo de reunir em uma mesma obra as 352 espécies arbóreas mais comuns de nossa flora, cada qual apresentada em uma página exclusiva contendo seis fotografias coloridas (árvore isolada, ramo florífero, frutos, sementes, tronco e madeira) além de diversas informações (nome popular, morfologia, ocorrência, madeira, utilidade, ecologia, fenologia, obtenção de sementes e produção de mudas). Logo caiu no gosto popular, tendo se tornado referência obrigatória para todas as pessoas interessadas no assunto.
Em 1998, foi publicado o segundo tomo, então agrupando mais 352 árvores raras ainda não contempladas. Novamente o sucesso se repetiu, atraindo a atenção de milhares de leitores em todo o país.
Passaram-se precisamente onze anos até que a presente edição pudesse ser concluída, com a mesma quantidade de informações das anteriores. Uma das dificuldades encontradas foi localizar indivíduos isolados (isto é, que permitissem uma perfeita visualização nas fotos) de espécies bastante raras. Além disso, foi preciso acompanhar a floração e frutificação de exemplares dispersos por todo o país, sem falar nos testes de germinação e análises complementares. Finalmente, Lorenzi está disponibilizando para todos nós o fruto de seu trabalho hercúleo. Viva!
Algumas das matrizes cultivadas no E-jardim são reveladas pelas lentes do autor. Mas o que mais nos enche de satisfação é poder oferecer a nossos clientes mudas de muitas das árvores retratadas. Apresentamos a seguir uma relação das mesmas (agrupadas por famílias botânicas) com as páginas do livro correspondentes:
[precisando de mais informações sobre nossa disponibilidade de mudas, contacte-nos através do e-mail contato@e-jardim.com, ou entre em nosso site, www.e-jardim.com]
Anacardiaceae
Poupartia amazonica / jacaiacá (frutífera amazônica) - pág. 22 Annonaceae Annona rugulosa - pág. 28
Annona salzmannii / araticum-da-praia - pág. 29 Bignoniaceae Handroanthus arianeae / ipê-negro - pág. 50
Tabebuia gemmiflora / ipê-violeta ou ipê-vermelho - pág. 54
Tabebuia ipe / ipê-roxo-do-pantanal - pág. 55 Bixaceae Cochlospermum vitifolium - pág. 57 Caryocaraceae Caryocar edule / pequi-preto - pág. 72 Chrysobalanaceae Couepia rufa / oiti-coró - pág. 79
Couepia longipendula / castanha-de-galinha / pág. 78
Licania salzmannii / oiti-da-bahia - pág. 84 Clusiaceae Clusia fluminensis - pág. 87
Clusia lanceolata - pág. 89
Clusia nemorosa - pág. 90
Garcinia acuminata - pág. 91
Garcinia brasiliensis - pág. 92
Garcinia macrophylla - pág. 93 Erythroxylaceae Erythroxylum pulchrum / fruta-de-pombo - pág. 109 Fabaceae-Cesalpinioideae Crudia tomentosa - pág. 124
Elizabetha durissima - pág. 126 Fabaceae-Faboideae Exostyles venusta - pág. 143
Grazielodendron riodocensis - pág. 144 Hernandiaceae Hernandia sonora - pág. 169 Lecythidaceae Gustavia speciosa - pág. 188 Malvaceae Ceiba crispiflora - pág. 191
Ceiba jasminodora - pág. 192
Matisia paraensis - pág. 196
Theobroma subincanum / cupuí - pág. 202 Melastomataceae Mouriri guianensis / gurguri - pág. 208 Myristicaceae Virola gardneri / bicuibuçu - pág. 232 Myrtaceae Calyptranthes aromatica / cravo-da-terra - pág. 234
Campomanesia dichotoma - pág. 236
Campomanesia guaviroba - pág. 237
Campomanesia hirsuta - pág. 238
Campomanesia laurifolia - pág. 239
Campomanesia schlechtendaliana - pág. 240
Eugenia candolleana - pág. 242
Eugenia cerasiflora - pág. 243
Eugenia copacabanensis - pág. 244
Eugenia itaguahiensis - pág. 245
Eugenia luschnathiana - pág. 246
Eugenia macrosperma / cambucá-preto - pág. 247
Eugenia multicostata - pág. 248
Eugenia patrisii / ubaia-da-amazônia - pág. 249 (em germinação)
Eugenia repanda - pág. 252
Eugenia sulcata - pág. 256
Eugenia xiriricana - pág. 257
Myrciaria aureana / jabuticaba-branca-verdadeira - pág. 259
Myrciaria cauliflora / jabuticaba-paulista - pág. 260
Myrciaria coronata / jabuticaba-coroada - pág. 261
Myrciaria cuspidata - pág. 262
Myrciaria delicatula - pág. 263
Myrciaria disticha / cambuí-chorão - pág. 264
Myrciaria floribunda - pág. 265
Myrciaria glazioviana / cabeluda - pág. 266
Myrciaria grandifolia / jabuticabatuba - pág. 267
Myrciaria guaquiea / guaquica - pág. 268 (em germinação)
Myrciaria jaboticaba / jabuticaba-sabará - pág. 269
Myrciaria phitrantha / jabuticaba-branca-vinho - pág. 270
Myrciaria spirito-santensis / jabuticaba-peluda-de-cruz - pág. 272
Myrciaria strigipes / cambucá-da-praia - pág. 273
Myrciaria trunciflora / jabuticaba-de-cabinho - pág. 275
Neomitranthes gemballae - pág. 276
Neomitranthes obscura / pitanga-da-restinga - pág. 277
Psidium acutangulum / araçá-pêra - pág. 278
Psidium oblongatum - pág. 279
Siphoneugena densiflora / uvatinga - pág. 280 Rubiacae Alibertia edulis /marmelada ou puruí - pág. 297 Sapindaceae Melicoccus oliviformis ssp. intermedius / pitomba-amarela - pág. 325 Sapotaceae Chrysophyllum paranaense /caimito-do-paraná - pág. 330
Manilkara bella / paraju - pág. 333
Pouteria psammophylla - pág. 343
Pradosia lactescens / marmixa - pág. 346 Forte abraço!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Cambucá-preto, bela arvoreta da Mata Atlântica
A folhagem jovem do cambucá-preto, de coloração ferrugínea e aveludada, contrasta fortemente com o tom verde-escuro das folhas maduras, produzindo um belo efeito visual
Folhas novas (acima e ao lado) vistas em detalhe, exibindo as características que as tornam tão ornamentais. Experimente clicar nas imagens para ampliá-las
O cambucá-preto ganhou fama através das páginas do "Dicionário das Plantas Úteis do Brasil", obra escrita por M. Pio Corrêa, da qual já falamos anteriormente (vide post do dia 11/06/2008). O velho naturalista assim anotou em um pequeno verbete: "Árvore pequena, apenas alcançando 3 m de altura; folhas opostas, longo-pecioladas, oblongo-ovadas, ferrugíneo-aveludadas, discolores, coriáceas até 10 cm de comprimento e 5 cm de largura; flores sésseis, brancas, de 4 sépalas e 4 pétalas, dispostas em racemos; fruto baga vermelho-escura, contendo 1 semente envolta em polpa avermelhada, comestível, ligeiramente ácida. Vegeta na restinga do Rio de Janeiro."
Àquela época, na primeira metade do século XX, a espécie era conhecida pelo nome científico de Eugenia velutina Berg, referência explícita ao verso da folha e aos ramos e folhas novas, de textura macia, agradabilíssima ao toque tal qual veludo. Posteriormente, verificou-se que a mesma planta já tinha um nome mais antigo (e portanto com prioridade sobre o anterior): Eugenia macrosperma De Candolle, alusão ao tamanho da semente (do latim macro = grande + sperma = semente).
Não importa a denominação que se empregue, o fato é que a escolhida para o texto de hoje possui atributos que a qualificam com louvor para composições paisagísticas. A começar pelo seu porte, pequeno, esguio e de copa cheia. Em seguida, vem o fenômeno das brotações ferrugíneas sobre a folhagem verde. Para completar, ainda produz um fruto para lá de interessante, negro em seu exterior, porém exsudando um sumo cor de rubi. Sucos ou geléias preparadas com o cambucá-preto adquirem, por este motivo, esta bela tonalidade.
Neste momento, Eugenia macrosperma prepara-se para lançar as primeiras flores. Para não deixar o leitor na saudade, aqui vai o link da espécie em nosso site, onde aparecem imagens dos frutos, além das usuais dicas de cultivo:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=64
Forte abraço!
Folhas novas (acima e ao lado) vistas em detalhe, exibindo as características que as tornam tão ornamentais. Experimente clicar nas imagens para ampliá-las
O cambucá-preto ganhou fama através das páginas do "Dicionário das Plantas Úteis do Brasil", obra escrita por M. Pio Corrêa, da qual já falamos anteriormente (vide post do dia 11/06/2008). O velho naturalista assim anotou em um pequeno verbete: "Árvore pequena, apenas alcançando 3 m de altura; folhas opostas, longo-pecioladas, oblongo-ovadas, ferrugíneo-aveludadas, discolores, coriáceas até 10 cm de comprimento e 5 cm de largura; flores sésseis, brancas, de 4 sépalas e 4 pétalas, dispostas em racemos; fruto baga vermelho-escura, contendo 1 semente envolta em polpa avermelhada, comestível, ligeiramente ácida. Vegeta na restinga do Rio de Janeiro."
Àquela época, na primeira metade do século XX, a espécie era conhecida pelo nome científico de Eugenia velutina Berg, referência explícita ao verso da folha e aos ramos e folhas novas, de textura macia, agradabilíssima ao toque tal qual veludo. Posteriormente, verificou-se que a mesma planta já tinha um nome mais antigo (e portanto com prioridade sobre o anterior): Eugenia macrosperma De Candolle, alusão ao tamanho da semente (do latim macro = grande + sperma = semente).
Não importa a denominação que se empregue, o fato é que a escolhida para o texto de hoje possui atributos que a qualificam com louvor para composições paisagísticas. A começar pelo seu porte, pequeno, esguio e de copa cheia. Em seguida, vem o fenômeno das brotações ferrugíneas sobre a folhagem verde. Para completar, ainda produz um fruto para lá de interessante, negro em seu exterior, porém exsudando um sumo cor de rubi. Sucos ou geléias preparadas com o cambucá-preto adquirem, por este motivo, esta bela tonalidade.
Neste momento, Eugenia macrosperma prepara-se para lançar as primeiras flores. Para não deixar o leitor na saudade, aqui vai o link da espécie em nosso site, onde aparecem imagens dos frutos, além das usuais dicas de cultivo:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=64
Forte abraço!
domingo, 6 de setembro de 2009
Variedade de jabuticaba-coroada para climas tropicais
A jabuticaba-coroada (Myrciaria coronata), caracterizada pela grande circunferência dourada no ápice, era conhecida apenas das Serras de SP e MG. Apresentamos uma variedade adaptada às restingas litorâneas do RJ.
A maior jabuticaba de que se tem notícia pertence à espécie Myrciaria coronata, medindo pouco mais de 4,5 cm de diâmetro. Sua casca escura, quase negra ao completar a maturação, é dotada de uma cicatriz clara e circular, ocasionada pela queda do cálice. Justamente a tal coroa que lhe emprestou a alcunha.
Coube ao estudioso João Rodrigues de Mattos (ver post do dia 26/09/2008) o privilégio de descrevê-la botanicamente (Mattos, J.R. 1976. Espécies novas da secção cauliflorae Berg de Myrciaria Berg (Myrtaceae). Loefgrenia, 51: 1-10), a partir de um exemplar cultivado em São Paulo/SP, mais especificamente no Parque do Estado em Água Funda. Infelizmente este exemplar foi destruído poucos anos depois, conforme relatado pelo autor: "A planta que forneceu o material da coleção típica já não mais existe. Foi arrancada pelos tratores durante a construção da Rodovia dos Imigrantes, no trecho que passou por dentro do Parque do Estado, na Água Funda, em São Paulo (capital)" (Mattos, J.R. 1983. Jaboticabeiras. Publicação IPRNR nr. 10. Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul. 76 p.). O pesquisador ainda encontrou a mesma espécie em três cidades mineiras: Viçosa (na Universidade Federal), Camanducaia e Paraisópolis.
Estudos patrocinados pelo Instituto Plantarum (http://www.plantarum.org.br/) revelaram a ocorrência de populações naturais na região serrana de Minas Gerais e São Paulo. A jabuticabeira-coroada parecia estar sempre associada a climas amenos e regiões de altitude, dificultando seu cultivo em terrenos tropicais ao nível do mar.
Foi portanto com grande satisfação que localizamos uma variedade de Myrciaria coronata cultivada há gerações por caiçaras nas restingas da Costa do Sol fluminense. Melhor ainda, seus frutos são saborosíssimos, dotados de casca fina e muito doces (elevado grau Brix), com grande porcentagem de polpa disponível. As árvores são relativamente baixas (2,5-3 m) e muito produtivas, vegetando sobre solo bastante arenoso. Certamente se adaptará muito bem a sítios litorâneos e regiões tropicais em todo o Brasil.
[Mais detalhes e fotos em: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=302]
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Favas de sorvete
Inga edulis é o ingá mais saboroso. A variedade gigante cultivada no E-jardim é originária do Rio Negro (AM).
A família botânica das fabáceas (antigas leguminosas) é uma das mais amplas e de maior importância econômica em todo o mundo, incluindo a soja, o feijão e outros importantes recursos alimentares. Só no Brasil, estima-se que ocorram 175 gêneros e mais de 1500 espécies!
Em termos de fruticultura, o destaque fica por conta do gênero Inga, que compreende cerca de 300 espécies, distribuídas por diversas formações vegetais nas Américas do Sul e Central. A Mata Atlântica e a Amazônia são centros de diversidade para estas plantas, o que as tornou íntimas de nossos índios.
De fato, os ingás são consumidos e cultivados pelo homem há milênios. Ainda hoje constituem um item importante nas feiras livres dos países andinos, centro-americanos e amazônicos. Através dos séculos, algumas espécies foram domesticadas e selecionadas pela excepcional qualidade e disponibilidade de polpa de seus frutos. Foi exatamente o caso de Inga edulis, que ilustra este texto.
Embora esteja amplamente distribuído tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica, fato que talvez se deva à sua disseminação pelos índios, é na primeira região que o ingá-de-metro atinge seu esplendor. Certamente muitos leitores deste blog, moradores da Região Sudeste, já se depararam com ele, em versão miniaturizada. Comigo ocorreu o oposto. Durante uma viagem ao Rio Negro, a partir de Manaus/AM, quase caí para trás quando vi o tamanho dos ingás-açu comercializados pelos ribeirinhos. Mais ainda: o arilo branco que envolve as sementes (vejam a terceira foto) derretia-se como um néctar na boca, muito doce e de textura aerada, tal qual um sorvete preparado com capricho. Bem o sabiam os primeiros brasileiros, pois "ingá" em tupi-guarani significa "o que é embebido ou úmido", uma alusão à suculenta polpa da fruta. Aliás, a palavra inglesa que designa a iguaria é "ice cream bean", algo como "favas de sorvete". Hummm....
Para saber mais:
quinta-feira, 23 de julho de 2009
A popstar de Cachoeiro do Itapemirim
Aechmea orlandiana, espetacular espécie de bromélia descoberta pelo casal Foster no Espírito Santo
O longínquo ano de 1941 foi extremamente generoso com a cidade de Cachoeiro do Itapemirim/ES. Presenteou-lhe com duas estrelas, uma na música e outra na botânica.
Em 19 de abril nascia o mais ilustre cidadão itapemirimense, o rei Roberto Carlos, cantor brasileiro que mais discos vendeu no planeta. Sua carreira, que atingiu o estrelato, acaba de completar 50 anos, comemorados com uma série de shows pelo país.
Naquele mesmo ano, o Dr. Lyman Smith, então a maior autoridade mundial na família Bromeliaceae, publicava a descrição de Aechmea orlandiana, a linda espécie acima que ilustra estas linhas. [Smith, L.B. 1941. Bromeliáceas novas ou interessantes do Brasil. Arq. Bot. Est. São Paulo, 1(3): 53-60, tábs. 64-80].
A coluna de hoje é dedicada aos 70 anos da descoberta de uma das mais belas e populares espécies do gênero Aechmea que existem.
No post do dia 24/07/09, contei um pouco da incrível trajetória de Mulford e Racine Foster, a dupla que popularizou as bromélias na horticultura moderna. Também escrevi que coletaram várias plantas interessantes nos arredores do berço natal de Roberto Carlos.
Pois foi precisamente no dia 8 de junho de 1939 que aconteceu o seguinte fato, descrito no obra "Brazil, orchid of the tropics" (a tradução é nossa): "O grande acontecimento do dia, entretanto, foi a descoberta de uma das mais espetaculares Aechmeas já vistas, cujas folhas eram mosqueadas e pregueadas com um efeito em relevo de manchas escuras sobre um fundo verde-claro. Depois de abrir caminho através de um denso emaranhado de arbustos, Mulford finalmente atingiu um afloramento de rocha praticamente nua, quando subitamente gritou com todas suas forças. A alegria de uma conquista muito ajuda quando a exaustão parece predominar. Neste ponto, nós olhávamos para a penca de bromélias que aqueceria o coração de qualquer pessoa apaixonada por plantas. Mulford não as tocaria até que Racine e nosso ajudante local tivessem chegado ao "ponto sagrado". Esse homem, que havia passado toda sua vida na região e conhecia bem o campo, nunca havia visto uma planta tão formidável. Colhemos poucos exemplares, tomando o cuidado de deixar uma boa quantidade lá. Então passamos a vasculhar as redondezas atrás de outros indivíduos que pudessem apresentar flores ou frutos. Contudo, não logramos sucesso, muito embora esta Aechmea fosse florescer em cultivo um mês depois. Brácteas alaranjadas e flores brancas, que combinação de cores! As cores da cidade que adotamos, Orlando, na Flórida. Sete meses mais tarde, depois de muitos estudos, o Dr. Lyman Smith se assegurou de que se tratava de uma espécie absolutamente inédita, ficando tão entusiasmado quanto nós, muito embora jamais tivesse visto a planta viva". A partir destes exemplares, a conterrânea do rei foi multiplicada inicialmente pelos Fosters e depois por aficcionados em plantas ornamentais no mundo inteiro. Nestes quase 70 anos de cultivo, foram tantas emoções...
Mais informações em:
sábado, 11 de julho de 2009
Gol de placa
Neoregelia ZICO, híbrido de cores rubro-negras, criado pelo cultivador Rafael Faria em homenagem a Arthur Antunes Coimbra, ídolo maior da Nação Rubro-Negra.
A expressão "gol de placa" surgiu em decorrência de um belo tento assinalado por Pelé em um jogo contra o Fluminense no início da década de 1960. Na oportunidade, o atacante santista arrancou do meio-de-campo, driblando diversos atletas tricolores antes de marcar o gol. Um jovem jornalista da época, de tão empolgado com a plasticidade da jogada, mandou confeccionar uma placa imortalizando o feito. Daí em diante, a expressão passou a definir aqueles golaços que fazem a torcida vibrar.
Pois foi com um toque de gênio que o flamenguista Rafael batizou de "Zico" o híbrido de Neoregelia oriundo de um de seus cruzamentos experimentais. A planta desenvolveu uma incomum coloração vermelho e preta nas lâminas foliares (veja a foto que ilustra este texto).
Divulgada no dia 25 de junho pelo jornal carioca "O Globo", a notícia logo se espalhou, causando furor no noticiário esportivo. Inúmeras pessoas, normalmente alheias à horticultura e ao mundo das plantas, logo tiveram seu interesse desperto.
Gol de placa de Rafael.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
El mamey colorado!
Popol Vuh é o livro sagrado da civilização maia. Algo como a Bíblia daquela outrora florescente cultura centro-americana. Entre outras assertivas, traz a de que as sapotas (tzapotl) são frutas tão antigas quanto a criação do homem.
Sapotas eram também os pomos que deliciavam os grandes senhores maias, antes da chegada dos conquistadores espanhóis. Aplicavam, de uma maneira geral, o termo a diversos frutos carnosos e doces que cresciam em seus domínios.
Entre estes, sobressaía o delicioso mamei ou sapota-mamei ("mamey colorado" ou "mamey zapote" em espanhol). Por muitos considerado a verdadeira "sapota dos maias", será o tema de nosso post de hoje.
Aliás, contam os historiadores que foram mameis que salvaram o exército espanhol de inanição, quando em campanha de conquista das terras meso-americanas.
Sua casca marrom e áspera como couro cru, de pequena espessura, encerra uma polpa cremosa e macia, de linda tonalidade vermelho-róseo-salmão. Em seu interior, há único caroço, escuro e muito brilhante, contrastando fortemente com o tom da carne, conforme mostra a imagem que acompanha estas linhas.
Esta semente também é muito valorizada, pois torrada e moída é misturada a chocolate, açúcar e canela, em uma bebida conhecida como "pozol" em Oaxaca, no México. Na Nicarágua prepara-se outra denominada "pinolillo", de grande popularidade e formulação similar.
Esta semente também é muito valorizada, pois torrada e moída é misturada a chocolate, açúcar e canela, em uma bebida conhecida como "pozol" em Oaxaca, no México. Na Nicarágua prepara-se outra denominada "pinolillo", de grande popularidade e formulação similar.
Degustar um mamei é uma experiência única. Cortado ao meio e comido às colheradas, deixa a boca repleta de uma doçura persistente. Algumas pessoas gostam de equilibrar com algumas gotas de limão, como se faz com o mamão-papaia e o abacate. Já outros preferem reservar a iguaria para o preparo de requintadas sobremesas (há muitas receitas!). Não importa, um apreciador de frutas não pode deixar de experimentar uma sapota-mamei...
No Brasil, esta fruta foi introduzida em 1985, por iniciativa do pesquisador Luiz Carlos Donadio [Donadio, L. C. et al. 1998. Frutas Exóticas. Jaboticabal, Funep. 279 p.], que através de um convênio entre a FCAV-UNESP e o Cenargen-Embrapa importou matrizes da Flórida. Adaptou-se muito bem a uma vasta diversidade de climas tupiniquins, desde os tropicais até os subtropicais, como São Paulo e alhures.
E em seu pomar, já há um mameizeiro crescendo?
Mais informações e mudas disponíveis em:
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Billbergia iridifolia, uma jóia do Espírito Santo
No início dos anos 90 do século XX, eu costumava percorrer lojas de livros usados (os chamados "sebos") à procura de boa literatura. Minha seção favorita era a de história natural, particularmente botânica. Foi assim que achei os volumes originais do "Dicionário das Plantas Úteis do Brasil", de Manuel Pio Corrêa, entre outras preciosidades.
Em uma dessas buscas deparei-me com um livro de capa dura azul, publicado em 1945, trazendo o curioso título de "Brazil: Orchid of the Tropics". Versava sobre as peripécias de um casal de americanos, Mulford Bateman Foster e Racine Sarasy Foster, coletando plantas (principalmente bromélias) no Brasil, entre 1939 e 1940. Mais: a publicação ostentava cerca de 150 fotos (a maioria em preto-e-branco) tiradas pelos autores durante sua trajetória.
Desnecessário dizer que a adquiri de imediato, e logo pus-me a devorá-la. Fiquei encantado com o mundo novo que o casal Foster me revelava, em palavras e imagens, de plantas espetaculares que eu jamais imaginava existir nas florestas e campos do meu próprio país.
Em mais de 45 capítulos curtos, os autores discorrem sobre diferentes ecossistemas nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso. Colheram, neste percurso, muito mais espécies novas de bromélias que qualquer outro coletor antes deles - aí incluídos nomes sagrados como os de Glaziou, Ule, Riedel, Dusén, Gardner e Burchell, além do próprio Martius (em cuja viagem, de 1817 a 1821, foram descobertas 39 novas espécies de Bromeliaceae).
O entusiasmo que os autores passam em sua narrativa contagia qualquer leitor com afinidade por plantas. Basta dizer que Mulford, um dos primeiros arquitetos-paisagistas da Flórida, fundou em meados do século XX a "Bromeliad Society International", e é considerado o "pai das bromélias" na horticultura moderna. Além das últimas, os Fosters dedicaram especial atenção aos Hippeastrum (açucenas), gesneriáceas (Sinningia e gêneros próximos), cactáceas epífitas (Rhipsalis, Hatiora e outras), e em menor profundidade às orquídeas e palmeiras.
No capítulo "Espírito Santo, State of the Holy Ghost", mencionam o encontro nos arredores de Cachoeiro do Itapemirim de doze espécies de bromélias, entre elas "a lovely new variety of Billbergia, B. iridifolia var. concolor". Embora tivesse sido descoberta pelo Príncipe Wied-Neuwied e descrita pelos botânicos Nees e Martius em 1823, esta espécie era antes dos Fosters desconhecida em cultivo.
Foi uma grata surpresa deparar-me, no início de 2007, com esta jóia botânica nas florestas do baixo Rio Doce, em Linhares (ES). Apresento aos leitores as vibrantes cores situadas entre o rosa-choque e o vermelho das brácteas desta belíssima espécie.
Forte abraço!
domingo, 7 de junho de 2009
Azul nos trópicos
O camarão-azul (Eranthemum pulchellum) é um dos poucos arbustos que proporcionam abundantes flores de coloração azul-genciana em regiões tropicais
A família Acanthaceae inclui alguns dos mais belos arbustos floríferos do mundo. São plantas de rápido crescimento, em geral rústicas, e que se prestam de forma admirável para cultivo em canteiros, bordaduras ao longo de muros e mesmo como pontos de destaque em jardins. Tome-se o exemplo dos onipresentes "camarões-de-jardim", Justicia brandegeana (camarão-vermelho) e Pachystachys lutea (camarão-amarelo), tão usados pelos paisagistas hoje em dia. Cores vibrantes, como as precedentes vermelha e amarela, são lugares comuns em climas quentes. Nestas condições, há uma recorrente dificuldade em encontrar-se elementos no tom azul. Nosso post de hoje destaca uma honrosa exceção, o camarão-azul.
Esta espécie de singular beleza foi descrita em 1797 por um botânico inglês de nome Henry Charles Andrews. Com habilidades múltiplas que incluíam talento botânico e dom artístico, e recém-casado com a filha de um famoso viveirista em Hammersmith (subúrbio de Londres), Andrews iniciou a publicação de uma excelente obra em dez volumes intitulada "The botanist's repository for new and rare plants". Na prancha 86 desta coleção, apresentou um belo desenho (infelizmente em preto-e-branco) e a descrição científica do que chamou, respectivamente em latim e inglês, de Eranthemum pulchellum e "Blue-flowered Eranthemum". Logo a seguir, o autor esclarece a origem da planta. Ela provinha de sementes colhidas e enviadas por William Roxburg (1751-1815), que ficaria alcunhado como o "pai da botânica na Índia". De fato, a localidade típica é citada como "a costa de Coromandel", localizada no sudeste daquele país, à época sob domínio inglês. Andrews examinou exemplares crescidos na Europa, mais especificamente na estufa quente do Real Jardim Botânico de Kew, e no viveiro de seu sogro. Também previu uma futura popularidade para a espécie, no que acertou em cheio. A fotografia que abre estas linhas foi tirada esta semana aqui no E-jardim. De fácil manutenção e rápido crescimento, este arbusto aprecia solos com bastante matéria orgânica e pode ser cultivado a pleno sol ou meia sombra. Deve ser mantido sempre bem irrigado (sem encharcamento), como é regra para as acantáceas. A recompensa vem sob a forma de lindas flores tubulares azuis, dispostas em numerosos cachos.
Forte abraço!
Mudas disponíveis em:
sábado, 30 de maio de 2009
A versátil sapota-branca
Nas montanhas do México e da Guatemala, cresce um fruto nativo digno de muito mérito, o "zapote blanco".
Sua denominação vulgar deriva do azteca "tzapotl", termo que também designa outras frutas pertencentes a três famílias diferentes: Sapotaceae, Ebenaceae e Rutaceae. Em comum, têm apenas a excelente qualidade das respectivas polpas, tenras e doces.
São exemplos o sapoti (Manilkara zapota) ("chicozapote"), o mamei (Pouteria sapota) ("mamey zapote"), a sapota-preta (Diospyros digyna ("zapote negro"), além evidentemente de nossa eleita para o post de hoje.
A sapota-branca (Casimiroa edulis) é uma rutácea, a ampla família botânica que inclui a laranja, o limão e o vampi (Clausena lansium). Possui casca finíssima, polpa muito macia, sem fibras e suculenta, desprovida de acidez (27% de açúcares, sendo também rica em vitaminas A e C). Comparo aqueles atributos físicos aos do mamão (Carica papaya). Seu sabor, porém, é mais doce que o daquele e, na minha opinião, também superior. Alguns autores o comparam ao "das melhores pêras".
Para melhor apreciar seu paladar, sugiro saboreá-la gelada e cortada em metades, comida às colheradas. Deve-se ter o cuidado de evitar a porção de "carne" muito próxima à parte externa, que possui um gosto aromático similar ao de casca de laranja. Algumas pessoas apreciam adicionar algumas gotas de limão, para dar um toque de acidez.
De dimensões (ca. 7-8 cm de diâmetro) e formato equivalentes aos de um caqui, C. edulis possui relativamente poucas sementes (1-5, dependendo da variedade), que se destacam facilmente da parte comestível. Via de regra, são amarelo-esverdeadas por fora, e de tonalidade amarela bem clara em seu interior.
Uma importante característica que imediatamente a separa de seus parentes cítricos, é a presença de uma substância chamada casimirosina (nas folhas, tronco e sementes), cujas propriedades incluem o poder de baixar a pressão sanguínea.
Em sua região de origem, a sapota-branca é cultivada em altitudes de 600 até 1000 m, onde é muito empregada para o sombreamento de plantações de café.
Adaptou-se bem a regiões frias espalhadas pelo mundo, como a Califórnia nos EUA, e La Mortola, no sul da Itália. Aqui no Brasil, vai muito bem em climas bastante diversos, tanto os mais frios como os da Região Sul e montanhas do Sudeste, quanto os mais quentes tais quais Rio de Janeiro e Espírito Santo ao nível do mar.
Provei frutos produzidos em Silva Jardim e em Quissamã, ambos no litoral norte fluminense, que são absolutamente deliciosos, mostrando a grande versatilidade desta espécie. A sapoteira-branca produz tão bem nestes locais, que mais parece tropical. Não me surpreenderia com notícias de plena adaptação às regiões Norte e Nordeste, muito embora desconheça se já tenha sido testada por aquelas bandas.
Para cultivá-la com sucesso, deve-se proporcionar-lhe um solo bem drenado e adubado, e bastante irrigação na fase juvenil. Quando adulta, é deveras resistente à seca. Uma técnica recomendada é podar o ramo terminal a uma altura de um metro do solo, para que inicie o lançamento de ramos laterais, facilitando futuras colheitas. Seu crescimento é relativamente rápido em climas tropicais, e um pouco mais lento nas regiões mais frias. Pode-se estimar em 5-7 anos o tempo para que inicie a produção.
Para saber mais:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=281
Sua denominação vulgar deriva do azteca "tzapotl", termo que também designa outras frutas pertencentes a três famílias diferentes: Sapotaceae, Ebenaceae e Rutaceae. Em comum, têm apenas a excelente qualidade das respectivas polpas, tenras e doces.
São exemplos o sapoti (Manilkara zapota) ("chicozapote"), o mamei (Pouteria sapota) ("mamey zapote"), a sapota-preta (Diospyros digyna ("zapote negro"), além evidentemente de nossa eleita para o post de hoje.
A sapota-branca (Casimiroa edulis) é uma rutácea, a ampla família botânica que inclui a laranja, o limão e o vampi (Clausena lansium). Possui casca finíssima, polpa muito macia, sem fibras e suculenta, desprovida de acidez (27% de açúcares, sendo também rica em vitaminas A e C). Comparo aqueles atributos físicos aos do mamão (Carica papaya). Seu sabor, porém, é mais doce que o daquele e, na minha opinião, também superior. Alguns autores o comparam ao "das melhores pêras".
Para melhor apreciar seu paladar, sugiro saboreá-la gelada e cortada em metades, comida às colheradas. Deve-se ter o cuidado de evitar a porção de "carne" muito próxima à parte externa, que possui um gosto aromático similar ao de casca de laranja. Algumas pessoas apreciam adicionar algumas gotas de limão, para dar um toque de acidez.
De dimensões (ca. 7-8 cm de diâmetro) e formato equivalentes aos de um caqui, C. edulis possui relativamente poucas sementes (1-5, dependendo da variedade), que se destacam facilmente da parte comestível. Via de regra, são amarelo-esverdeadas por fora, e de tonalidade amarela bem clara em seu interior.
Uma importante característica que imediatamente a separa de seus parentes cítricos, é a presença de uma substância chamada casimirosina (nas folhas, tronco e sementes), cujas propriedades incluem o poder de baixar a pressão sanguínea.
Em sua região de origem, a sapota-branca é cultivada em altitudes de 600 até 1000 m, onde é muito empregada para o sombreamento de plantações de café.
Adaptou-se bem a regiões frias espalhadas pelo mundo, como a Califórnia nos EUA, e La Mortola, no sul da Itália. Aqui no Brasil, vai muito bem em climas bastante diversos, tanto os mais frios como os da Região Sul e montanhas do Sudeste, quanto os mais quentes tais quais Rio de Janeiro e Espírito Santo ao nível do mar.
Provei frutos produzidos em Silva Jardim e em Quissamã, ambos no litoral norte fluminense, que são absolutamente deliciosos, mostrando a grande versatilidade desta espécie. A sapoteira-branca produz tão bem nestes locais, que mais parece tropical. Não me surpreenderia com notícias de plena adaptação às regiões Norte e Nordeste, muito embora desconheça se já tenha sido testada por aquelas bandas.
Para cultivá-la com sucesso, deve-se proporcionar-lhe um solo bem drenado e adubado, e bastante irrigação na fase juvenil. Quando adulta, é deveras resistente à seca. Uma técnica recomendada é podar o ramo terminal a uma altura de um metro do solo, para que inicie o lançamento de ramos laterais, facilitando futuras colheitas. Seu crescimento é relativamente rápido em climas tropicais, e um pouco mais lento nas regiões mais frias. Pode-se estimar em 5-7 anos o tempo para que inicie a produção.
Para saber mais:
http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=281
domingo, 24 de maio de 2009
Visões de jabuticaba-branca
Frutos maduros de jabuticaba-branca (Myrciaria aureana), cuja cor situa-se entre o verde e o branco.
Nos dias 18 e 27/01/2009, dedicamos este espaço à rara jabuticaba "que nunca amadurece", ou melhor, cuja casca jamais se torna escura. No post mais antigo, contamos a história de sua descoberta, desde os primeiros registros em tempos imperiais até os dias de hoje. Já no dia 27/01, apresentamos dados de seu habitat natural.
Ficaram faltando as imagens da fruta madura, lacuna agora preenchida. As fotos acima foram tiradas de uma matriz nossa, que frutifica regularmente desde os quatro anos de idade. Clicando nelas, o quadro se amplia, e pode-se perceber melhor como a superfície dos frutos não é lisa, mas com pequenas cristas que ligam o ápice à base das jabuticabas. Em botânica, diz-se que tais frutos são costados.
Há exemplos análogos de costados tênues ou muito pronunciados. Entre os primeiros está o saboroso cambucá (Plinia edulis), e no segundo caso a conhecidíssima pitanga (Eugenia uniflora). Definitivamente, Myrciaria aureana enquadra-se na mesma situação do cambucá.
Alguns livros dizem que a jabuticaba-branca não seria "branca", mas sim "verde". Particularmente, considero esta afirmação um tanto dúbia, pois quando maduras ficam quase brancas, como mostram as poses acima. Uma tonalidade branco-esverdeada talvez.
O sabor desta espécie é bem diferente das demais jabuticabas (aliás, cada uma destas tem seu sabor próprio, característico). A branca possui uma textura muito macia, assemelhando-se a um toque de seda na língua do degustador. Seu gosto é doce, agradabilíssimo e muito refrescante.
E você, nobre leitor, quer provar e deixar sua opinião?
Mais informações em:
domingo, 17 de maio de 2009
Justa homenagem a Amanda Bleher
Vriesea bleheri, rara espécie de bromélia endêmica da Mata Atlântica na Serra dos Órgãos (RJ), cujo nome foi dedicado à alemã Amanda Bleher. Acompanhe um resumo de sua trajetória em prol da flora brasileira neste post.
Amanda Flora Hilda Bleher (1910-1991) nasceu em Frankfurt (Alemanha), filha de um dos pioneiros no cultivo de plantas aquáticas naquele país, Adolf Kiel. Desde muito nova, acompanhava seu pai em excursões de coleta por toda a Europa.
Foi natural que a jovem Amanda virasse uma versão feminina de Indiana Jones daquela época, viajando por todo o mundo em busca de novas espécies de plantas. Logo se tornou a primeira mulher a competir em corridas de motocicletas com homens, vencendo 148 delas na Europa. Também venceu campeonatos de tênis, tênis-de-mesa (vice-campeã mundial), patinação (européia e no gelo), além de ter sido a primeira mulher a voar em avião sem motor!
Na década de 1950, Frau Bleher fez duas viagens à América do Sul, dando especial atenção ao Brasil - país pelo qual iria se apaixonar e viver o resto de sua longa e produtiva vida. No período 1958-1959, acompanhada de quatro filhos pequenos, passou dois anos entre os índios incivilizados de Mato Grosso, fazendo inúmeras descobertas de plantas novas. Suas aventuras nesta fase foram contadas no livro "Iténez, Fluss der Hoffnung" (="Iténez, Rio da Esperança"), uma divertida leitura. Sua venda está disponível no site http://www.aquapress-bleher.com/index.php?option=com_content&task=view&id=127&Itemid=22&lang=pt
Em 1959, fixou-se definitivamente em nosso país, estabelecendo-se no atual Vale das Pedrinhas, em Magé (RJ), onde montou uma maravilhosa coleção de plantas (aquáticas, orquídeas, bromélias e aráceas, principalmente). Durante décadas sua empresa Lotus Osiris Ltda. foi referência no cultivo desses grupos botânicos.
Sob a assinatura de "Lotus Osiris", Amanda escreveu inúmeros artigos contando suas descobertas e aventuras nas selvas brasileiras. No que toca às bromélias, seus textos aparecem no "Journal of the Bromeliad Society", principalmente durante a década de 1970. Dentro do tema, uma de suas descobertas mais notáveis foi a espécie que ilustra este post, batizada pelos botânicos Roeth e Weber em sua homenagem como Vriesea bleheri. Trata-se de uma linda bromélia em miniatura, atingindo menos de 15 cm de altura (inflorescência incluída). Suas folhas são estreitas e verde-brilhantes, roxas na face inferior; a inflorescência é de um belo amarelo-canário, com as brácteas dispostas em uma única haste (vide fotos que ilustram estas linhas). Por sua beleza, porte e preferência pela meia-sombra, presta-se de maneira admirável como elemento decorativo para pequenos espaços em jardins e residências. Infelizmente, ainda é pouco conhecida do grande público, estando restrita a poucas coleções botânicas.
Forte abraço!
segunda-feira, 11 de maio de 2009
A primeira ubaia a gente nunca esquece!
No dia 27/09/2008, publicamos um texto sobre a ubaia (Eugenia patrisii), fruta amazônica silvestre praticamente desconhecida em cultivo.
Na época, comemoramos a primeira floração e "frutificação" desta interessantíssima mirtácea aqui no E-jardim. Notem o uso de aspas, bem assinalado agora. O que ocorreu foi que aqueles minúsculos frutinhos recém-formados (veja o referido post), assim como muitos outros produzidos nos meses subsequentes, não vingaram, caindo antes que se desenvolvessem adequadamente.
O tempo passou e várias ubaieiras (das quais apenas uma está plantada diretamente no solo) lançaram flores, iniciaram a formação dos frutos e repetiram a queda precoce.
De tanto esperar em vão por uma ubaia madura, acabei deixando de monitorar as arvoretas. Pois bem, hoje pela manhã deparei-me com um belíssimo fruto quase esférico, de cerca de 2,5 cm de diâmetro, coroado por pequenas sépalas no ápice e dependuradas por um longo pedicelo ("cabinho"). Vejam a imagem que ilustra estas linhas!
Aproveito para detalhar o sabor desta enigmática fruta, referido anteriormente apenas como "agridoce, ligeiramente aromático e que agrada muito".
A ubaia possui uma consistência firme, de textura e sabor que muito me lembraram os do jambo-rosa (Syzygium samarangense), um parente distante nativo da Malásia. A polpa da E. patrisii é bastante suculenta e destacada da semente, que por sua vez permanece com alguns fragmentos de polpa aderidos. Seu interior é vermelho-rubi, caso único entre as espécies de eugênias cultivadas.
Enfim, provar minha primeira ubaia foi uma experiência inesquecível.
Forte abraço! [Mudas disponíveis em: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=115]
Na época, comemoramos a primeira floração e "frutificação" desta interessantíssima mirtácea aqui no E-jardim. Notem o uso de aspas, bem assinalado agora. O que ocorreu foi que aqueles minúsculos frutinhos recém-formados (veja o referido post), assim como muitos outros produzidos nos meses subsequentes, não vingaram, caindo antes que se desenvolvessem adequadamente.
O tempo passou e várias ubaieiras (das quais apenas uma está plantada diretamente no solo) lançaram flores, iniciaram a formação dos frutos e repetiram a queda precoce.
De tanto esperar em vão por uma ubaia madura, acabei deixando de monitorar as arvoretas. Pois bem, hoje pela manhã deparei-me com um belíssimo fruto quase esférico, de cerca de 2,5 cm de diâmetro, coroado por pequenas sépalas no ápice e dependuradas por um longo pedicelo ("cabinho"). Vejam a imagem que ilustra estas linhas!
Aproveito para detalhar o sabor desta enigmática fruta, referido anteriormente apenas como "agridoce, ligeiramente aromático e que agrada muito".
A ubaia possui uma consistência firme, de textura e sabor que muito me lembraram os do jambo-rosa (Syzygium samarangense), um parente distante nativo da Malásia. A polpa da E. patrisii é bastante suculenta e destacada da semente, que por sua vez permanece com alguns fragmentos de polpa aderidos. Seu interior é vermelho-rubi, caso único entre as espécies de eugênias cultivadas.
Enfim, provar minha primeira ubaia foi uma experiência inesquecível.
Forte abraço! [Mudas disponíveis em: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=115]
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Na trilha de Glaziou: a redescoberta da guaquica (parte 1)
Vista da geral restinga onde a guaquica foi encontrada
No dia 22/11/2008, dedicamos este espaço ao grande paisagista e botânico Auguste Glaziou, que viveu no Brasil durante o período 1858-1897. Mencionamos sua insuperável capacidade de descobrir e introduzir em cultivo raros exemplares da Flora Brasileira. A quem estiver interessado em conhecer um pouco mais da vida deste notável francês, recomendamos a leitura da obra do Prof. Carlos Terra (Terra, C. G. 2000. O jardim no Brasil do século XIX: Glaziou revisitado. Rio de Janeiro, UFRJ/Escola de Belas Artes. 166 p.).
Uma das descobertas mais enigmáticas do paisagista data do dia 8 de julho de 1891, portanto há quase 118 anos atrás. Entre as localidades de Sete Pontes e Barreto (atual área urbana de Niterói/RJ), foi colhido um ramo florífero de uma árvore frutífera nativa da restinga, conhecida pelo nome indígena de guaquica.
Tomando como base o exemplar herborizado por Glaziou, o especialista em mirtáceas Kiaerskou descreveu-o como uma nova espécie, batizada de Eugenia guaquiea. Note-se o erro de datilografia cometido na latinização do vernáculo popular, ao trocar-se a letra "c" pela "e".
Atualmente, a guaquica foi transferida do gênero Eugenia para Myrciaria, onde se encaixa melhor. Ela integra um seleto grupo de deliciosas (e doces!) mirtáceas: a conhecida cabeludinha (Myrciaria glazioviana), o cambucá-da-praia (Myrciaria strigipes) e a (ainda) misteriosa cabeluda-vermelha (Myrciaria glomerata). Todas são arbustos de troncos múltiplos, com casca fissurada, e folhas lisas na face superior e aveludadas na inferior.
Contudo, excetuando-se a cabeluda, são plantas raríssimas, praticamente desconhecidas em cultivo. Muito embora referências históricas as reputem como frutas de ótimo potencial.
Disposto a resgatar a guaquica da obscuridade, convidei o colecionador de frutas Carlos Velazco a participar da empreitada. Radicado em Niterói (RJ), o fruticultor conhecia os lugarejos Sete Pontes e Barreto. São bairros da cidade, hoje completamente urbanizados, infelizmente sem que nada da vegetação original tenha sobrado.
Passamos então a pesquisar áreas de restinga um pouco mais ao norte. De tanto insistirmos, um belo dia acabamos conhecendo uma comunidade caiçara que havia preservado as frutas nativas praianas. Na verdade, foi uma grande surpresa!
Uma das descobertas mais enigmáticas do paisagista data do dia 8 de julho de 1891, portanto há quase 118 anos atrás. Entre as localidades de Sete Pontes e Barreto (atual área urbana de Niterói/RJ), foi colhido um ramo florífero de uma árvore frutífera nativa da restinga, conhecida pelo nome indígena de guaquica.
Tomando como base o exemplar herborizado por Glaziou, o especialista em mirtáceas Kiaerskou descreveu-o como uma nova espécie, batizada de Eugenia guaquiea. Note-se o erro de datilografia cometido na latinização do vernáculo popular, ao trocar-se a letra "c" pela "e".
Atualmente, a guaquica foi transferida do gênero Eugenia para Myrciaria, onde se encaixa melhor. Ela integra um seleto grupo de deliciosas (e doces!) mirtáceas: a conhecida cabeludinha (Myrciaria glazioviana), o cambucá-da-praia (Myrciaria strigipes) e a (ainda) misteriosa cabeluda-vermelha (Myrciaria glomerata). Todas são arbustos de troncos múltiplos, com casca fissurada, e folhas lisas na face superior e aveludadas na inferior.
Contudo, excetuando-se a cabeluda, são plantas raríssimas, praticamente desconhecidas em cultivo. Muito embora referências históricas as reputem como frutas de ótimo potencial.
Disposto a resgatar a guaquica da obscuridade, convidei o colecionador de frutas Carlos Velazco a participar da empreitada. Radicado em Niterói (RJ), o fruticultor conhecia os lugarejos Sete Pontes e Barreto. São bairros da cidade, hoje completamente urbanizados, infelizmente sem que nada da vegetação original tenha sobrado.
Passamos então a pesquisar áreas de restinga um pouco mais ao norte. De tanto insistirmos, um belo dia acabamos conhecendo uma comunidade caiçara que havia preservado as frutas nativas praianas. Na verdade, foi uma grande surpresa!
Na trilha de Glaziou: a redescoberta da guaquica (parte 2)
O cambuí (Myrciaria floribunda) [foto à esquerda] e a guabiroba-verde-rugosa (Campomanesia schelechtendaliana var. rugosa) [foto de baixo] são cultivadas pelos caiçaras
Encontramos pitangas (Eugenia uniflora) de tamanho e sabor excelentes, muito melhores do que as selvagens espalhadas pelas restingas fluminenses. Também o sensacional cambuizeiro (Myrciaria floribunda), arvoreta semelhante a uma jabuticabeira que fica completamente repleta de frutinhos vermelhos de 1,5 cm, de casca fina, suculentos e saborosos, muito utilizados sob a forma de sucos e como aromatizantes da cachaça.
Pela primeira vez, vi variedades melhoradas de guabiroba-verde-rugosa (Campomanesia schelechtendaliana var. rugosa), frutífera que cultivamos aqui no E-jardim (veja em http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=27). Embora de frutos menores, a forma caiçara possuía um sabor excepcional para a espécie, evidenciando a seleção pelo sabor.
Também nos chamaram a atenção a jabuticaba-da-restinga (forma silvestre de Myrciaria cauliflora que vegeta sobre a areia, produzindo elevada carga de frutos) e um estranho araçá de grandes dimensões (6 cm de diâmetro), de folhas semelhantes a Psidium cattleianum porém com sementes maiores e menos numerosas, além de ótimo sabor agridoce.
Pela primeira vez, vi variedades melhoradas de guabiroba-verde-rugosa (Campomanesia schelechtendaliana var. rugosa), frutífera que cultivamos aqui no E-jardim (veja em http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=27). Embora de frutos menores, a forma caiçara possuía um sabor excepcional para a espécie, evidenciando a seleção pelo sabor.
Também nos chamaram a atenção a jabuticaba-da-restinga (forma silvestre de Myrciaria cauliflora que vegeta sobre a areia, produzindo elevada carga de frutos) e um estranho araçá de grandes dimensões (6 cm de diâmetro), de folhas semelhantes a Psidium cattleianum porém com sementes maiores e menos numerosas, além de ótimo sabor agridoce.
Na trilha de Glaziou: a redescoberta da guaquica (parte 3)
A guaquiqueira é uma arvoreta nativa cultivada pelos caiçaras que se distingue da cabeluda pelas folhas mais curtas e largas
E, claro, não esquecendo da deliciosa guaquica ou bacuíca (de ibá-cuíca = fruta-de-cuíca em tupi-guarani). Os caiçaras privilegiaram seu cultivo, poupando do corte dezenas de exemplares. Atingem no máximo 3 metros de altura e apresentam troncos múltiplos, como a cabeluda. Distinguem-se facilmente da última pelas folhas mais curtas (4-5 cm) e proporcionalmente mais largas (2-2,5 cm). A maior vantagem em relação à sua prima cultivada é que a guaquica apresenta "muito mais caldo", como nos disse um jovem da comunidade.
[Fotos dos frutos e mais informações sobre a guaquica agora disponíveis em nosso site: http://www.e-jardim.com/produto_completo.asp?IDProduto=303]
Na trilha de Glaziou: a redescoberta da guaquica (parte 4)
A pitaia-rósea com seus decorativos frutos
Nas andanças pelos areais, ainda encontramos a pitaia-rósea (Epiphyllum phyllanthus), cactácea frutífera presente em vários ecossistemas brasileiros. Seus frutos são doces, embora com um final meio enjoativo. No meu entender, seu maior valor é ornamental, cultivada em vasos suspensos com terra fértil, da maneira que se faz para flor-de-maio (Schlumbergera truncata).
Nas andanças pelos areais, ainda encontramos a pitaia-rósea (Epiphyllum phyllanthus), cactácea frutífera presente em vários ecossistemas brasileiros. Seus frutos são doces, embora com um final meio enjoativo. No meu entender, seu maior valor é ornamental, cultivada em vasos suspensos com terra fértil, da maneira que se faz para flor-de-maio (Schlumbergera truncata).
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
A extraordinária história do keppel
O keppel (Stelechocarpus burahol) é uma fruta do tamanho de uma maçã, da família das Anonáceas (a mesma da fruta-de-conde, dos araticuns e da graviola), originária da ilha de Java, na Indonésia.
A árvore que o produz é belíssima, chegando a atingir mais de 20 m de altura em seu habitat natural. Suas enormes folhas, de até 30 cm de comprimento, possuem quando jovens uma coloração que passa por tons de carne, rosa-choque e vermelho-vinho (veja a primeira foto). A copa é piramidal e muito densa, lembrando de longe a de um jambeiro (Syzygium malaccense). Também muito decorativas são suas flores, as femininas com longo pedúnculo ("cabinho"), nascidas do tronco e muito perfumadas.
Os frutos assemelham-se externamente a um sapoti (Manilkara zapota) esférico, mas possuem polpa amarelo-alaranjada, macia, doce e aromática. Possui um leve sabor de coco-da-baía (Cocos nucifera), mas sua textura remete à do mamão (Carica papaya).
A fama do keppel no Ocidente adveio dos escritos de David Faichild, o grande explorador de plantas norte-americano, e que dá nome ao Fairchild Tropical Garden. (Fairchild, D. 1930. Exploring for plants. 591 p. New York, The Macmilian Company, págs. 429-432). Em Yogyakarta (nome atual de Djokjakarta), localizada em Java na Indonésia, o yankee encantou-se com a elegância e imponência da árvore. Ele nos revelou que a fruta era a grande favorita entre as mulheres do harém do Sultão. Os jardins do Taman Sari (Palácio das Águas), notável conjunto arquitetônico projetado pelos portugueses no século XVIII, e integrado ao Kraton (Palácio do Sultão), são arborizados com vários exemplares de Stelechocarpus burahol. Reza a lenda que as secreções de quem saborear esses frutos exalará um intenso aroma de violetas. Fairchild levou sementes em 1926 para os EUA, mas nenhuma das plantas delas oriundas sobreviveu em cultivo. Foi somente na década de 1970, que o colecionador de frutas Bill Whitman (vide post do dia 07/09/08) logrou cultivar e frutificar (!) o keppel na Flórida. Seu livro (Whitman, W. F. 2001. Five Decades with Tropical Fruit, a Personal Journey. 476 p. Englewood, Quisqualis Books, págs. 210-213) apresenta uma interessante narrativa sobre o tema, além de uma foto colorida e duas preto-e-brancas. No final do texto, há um pequeno quadro informando que o keppel de Bill pereceu, após estar enorme, devido a doenças fúngicas.
Aqui no E-jardim temos um lindo exemplar com pouco mais de dois metros de altura. Ele vem sendo cultivado a sol pleno e em terra rica em húmus, mantida sempre úmida, porém sem encharcamente. Na Natureza, esta espécie habita florestas tropicais ou seu entorno, e segundo trabalhos recentes, encontra-se ameaçada de extinção na Indonésia.
Foi com bastante alegria que conseguimos produzir algumas poucas mudas de keppel, após um longo período de germinação que durou de 12 a 18 meses.
Forte abraço!
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Na terra da jabuticaba-branca (parte 1) - Syagrus macrocarpa
No post anterior, citamos o encontro de Myrciaria aureana na região do médio Rio Doce. Hoje, descreveremos o ambiente mais detalhadamente.
Nosso encontro com a jabuticaba-branca nas proximidades de Governador Valadares (MG) deu-se meio por acaso.
Viajávamos a fim de observar e fotografar uma rara e bela palmeira, de enormes frutos comestíveis (8 cm x 6 cm), muito apreciados pela fauna e pelas pessoas que a apelidaram de maria-rosa.
Refiro-me a Syagrus macrocarpa, cujo habitat natural engloba pequenos enclaves nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nestes locais, ela é sempre uma palmeira rara, ocorrendo isoladamente ou em diminutos grupos, em florestas ou capoeiras. Contrasta sobremaneira com o comuníssimo jerivá (Syagrus romanzoffiana), que vive em grandes colônias e sobrepõe-se à distribuição natural da maria-roseira.
Seguimos uma estrada de terra ao lado de uma fábrica de tijolos, que daria acesso a uma pequena floresta. No trajeto, o que se via era um cenário de grande devastação. Pastos ou capoeiras com fornos para produção de carvão plantados por todos os cantos. Eventualmente um ou outro exemplar de Syagrus macrocarpa poupado do corte devido aos valorizados frutos.
Nosso encontro com a jabuticaba-branca nas proximidades de Governador Valadares (MG) deu-se meio por acaso.
Viajávamos a fim de observar e fotografar uma rara e bela palmeira, de enormes frutos comestíveis (8 cm x 6 cm), muito apreciados pela fauna e pelas pessoas que a apelidaram de maria-rosa.
Refiro-me a Syagrus macrocarpa, cujo habitat natural engloba pequenos enclaves nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Nestes locais, ela é sempre uma palmeira rara, ocorrendo isoladamente ou em diminutos grupos, em florestas ou capoeiras. Contrasta sobremaneira com o comuníssimo jerivá (Syagrus romanzoffiana), que vive em grandes colônias e sobrepõe-se à distribuição natural da maria-roseira.
Seguimos uma estrada de terra ao lado de uma fábrica de tijolos, que daria acesso a uma pequena floresta. No trajeto, o que se via era um cenário de grande devastação. Pastos ou capoeiras com fornos para produção de carvão plantados por todos os cantos. Eventualmente um ou outro exemplar de Syagrus macrocarpa poupado do corte devido aos valorizados frutos.
Na terra da jabuticaba-branca (parte 2) - Eugenia robustovenosa
Em um declive ao lado da picada, exposta a sol pleno, encontramos a formosa mirtácea ornamental conhecida como eugênia-magnífica (Eugenia robustovenosa).
As folhas desta planta são grandes e muito grossas (coriáceas) e profundamente marcadas como bolhas impressas (buladas). Clique na imagem para ampliá-la e visualizar melhor estas características. Suas flores são brancas, perfumadas e muito grandes para uma espécie de Eugenia.
Já a havíamos observado anteriormente em matas ciliares na região de Ipatinga, sempre associada a florestas. Foi uma surpresa encontrá-la firme e forte no meio de um pasto.
As folhas desta planta são grandes e muito grossas (coriáceas) e profundamente marcadas como bolhas impressas (buladas). Clique na imagem para ampliá-la e visualizar melhor estas características. Suas flores são brancas, perfumadas e muito grandes para uma espécie de Eugenia.
Já a havíamos observado anteriormente em matas ciliares na região de Ipatinga, sempre associada a florestas. Foi uma surpresa encontrá-la firme e forte no meio de um pasto.
Na terra da jabuticaba-branca (parte 3) - Final
Passando antes por meia dúzia de olarias, sempre associadas ao desmatamento, chegamos finalmente a uma pequena mata em processo de degradação. Das árvores maiores só se viam os troncos decepados, e pilhas de madeira pronta para ser transformada em carvão. A foto que abre o post do dia 18/01 ilustra bem o fato.
No interior dessa matinha, havia duas jabuticabeiras produtoras de frutos que nunca ficam escuros, mesmo na plena maturação. A impressão das nervuras, tamanho e formato das folhas, além do porte reduzido e coloração marrom-acinzentada do tronco não deixavam dúvidas quanto à sua identidade: Myrciaria aureana, a verdadeira jabuticaba-branca.
Alguns moradores mais antigos nos relataram que ocasionalmente andavam pela mata para colher seus saborosos frutos. Porém as novas gerações, acostumadas às "facilidades" da vida moderna, não demonstram o menor interesse pelas "frutas do mato".
O mesmo se repete em outros locais onde já encontramos a jabuticaba-branca em estado silvestre. Muito raramente algum lavrador a cultiva em quintais. Só mesmo algum teimoso ou saudosista do tempo em que a Mata Atlâtica andava menos debilitada.
É a triste situação da jabuticabeira-branca. Não fosse pela abnegação de valorosos horticultores, espalhados por esse imenso país e alcunhados de "colecionadores de frutas", Myrciaria aureana já teria se juntado a tantas outras espécies já extintas.
Forte abraço!
No interior dessa matinha, havia duas jabuticabeiras produtoras de frutos que nunca ficam escuros, mesmo na plena maturação. A impressão das nervuras, tamanho e formato das folhas, além do porte reduzido e coloração marrom-acinzentada do tronco não deixavam dúvidas quanto à sua identidade: Myrciaria aureana, a verdadeira jabuticaba-branca.
Alguns moradores mais antigos nos relataram que ocasionalmente andavam pela mata para colher seus saborosos frutos. Porém as novas gerações, acostumadas às "facilidades" da vida moderna, não demonstram o menor interesse pelas "frutas do mato".
O mesmo se repete em outros locais onde já encontramos a jabuticaba-branca em estado silvestre. Muito raramente algum lavrador a cultiva em quintais. Só mesmo algum teimoso ou saudosista do tempo em que a Mata Atlâtica andava menos debilitada.
É a triste situação da jabuticabeira-branca. Não fosse pela abnegação de valorosos horticultores, espalhados por esse imenso país e alcunhados de "colecionadores de frutas", Myrciaria aureana já teria se juntado a tantas outras espécies já extintas.
Forte abraço!
domingo, 18 de janeiro de 2009
A triste realidade da jabuticaba-branca
A primeira pessoa a usar o nome jabuticaba-branca foi Auguste de Saint-Hilaire, botânico francês sobre quem já falamos no post do dia 21/09/2008. O naturalista anotou: "Vimos que havia em Itabira de Mato Dentro jabuticabeiras de frutos negros e de frutos amarelos, e, se minha memória é fiel, existe uma espécie que se designa pelo nome jabuticabeira branca, ou, pelo menos, cujo fruto se chamaria jabuticaba branca". (Saint-Hilaire, A. 1975 [tradução do original de 1830]. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia. 378 p.).
Em 1877, quase 40 anos depois, o então diretor de Parques e Jardins, Auguste Glaziou (ver texto do dia 22/11/2008) colheu amostras de uma arvoreta chamada de "jaboticaba branca" entre as localidades de Sete Pontes e Barreto, atualmente área urbana de Niterói (RJ). Esta planta foi batizada de Eugenia phitrantha por Kiaerskou em 1893, porém ela raramente produz frutos brancos (verdes). São, em geral, cor-de-vinho ou quase negros, razão pela qual a espécie é mais acertadamente chamada de jabuticaba-branca-vinho.
Na metade do século XX, o botânico Frederico Carlos Hoehne escreveu que o fruto da mirtácea Gomidesia reticulata se chamaria "jaboticaba branca". Cabe aqui informar que todas as gomidésias produzem frutos em panículas (algo como um "cacho de cachos"), nunca agarradas nos troncos ou ramos como as verdadeiras jabuticabas. O próprio Hoehne reconheceu isso, ao acrescentar que esta árvore nunca deveria ser agrupada entre as jabuticabeiras.
Porém a confusão estava feita e, a partir daí, vários autores de livros sobre plantas passaram a invariavelmente usar o nome científico Gomidesia reticulata para toda e qualquer jabuticaba que não se tornasse escura ao amadurecer.
Coube ao glorioso João Rodrigues de Mattos (sobre este pesquisador, veja o artigo do dia 26/09/2008) separar alhos de bugalhos. Em 1962, ele estudou uma jabuticabeira nos pomares da ESALQ com uma placa de identificação onde se lia "nome científico: Gomidesia reticulata - nome popular: jaboticaba branca". Descobriu que correspondia exatamente à espécie colhida por Glaziou, rebatizada de Myrciaria phitrantha por não se tratar de uma eugênia.
Finalmente, em 1976, Mattos descreveu uma jabuticabeira bem semelhante à anterior, só que de porte menor e de folhas mais estreitas e um tanto mais curtas. Os frutos por ele observados eram sempre verdes (ou brancos), mesmo quando completamente maduros. O material estudado foi colhido em 1963 por Áurea Bordo, funcionária do Instituto de Botânica. Em homenagem à coletora, criou o epíteto de Myrciaria aureana, hoje reconhecida como a "verdadeira jabuticaba-branca".
A origem da jabuticaba-branca por muitos anos permaneceu um mistério. Mattos informou que era de "procedência ignorada, cultivada em São Paulo". Foi somente em 2007, graças aos esforços de Harri Lorenzi (Instituto Plantarum) e colaboradores, que se soube que M. aureana é uma planta muito rara na Mata Atlântica, encontrada ao longo do Rio Doce e na Zona da Mata mineira.
Semana passada, localizamos uma população desta espécie em meio a um resquício de floresta que vem sendo dizimado para produção de carvão vegetal, visando o abastecimento de um complexo de olarias na região do médio Rio Doce. A foto que encabeça estas linhas muito bem ilustra o lastimável fato.
No próximo post, contarei detalhes.
domingo, 11 de janeiro de 2009
A fruta-do-sabiá
Na última edição da revista Globo Rural, foi publicada uma carta do leitor José Luiz Figueiredo, do Rio de Janeiro, na qual ele informava a dificuldade em adquirir mudas de Acnistus arborescens, comumente chamada de fruta-do-sabiá.
Esta planta apresenta uma vasta distribuição geográfica, ocorrendo desde o Caribe e América Central, até a Região Sudeste do Brasil. Geralmente em capoeiras, ou seja, em ambientes em processo de regeneração.
Via de regra é um arbusto de 1-2 m, com galhos finos e de madeira leve e pouco resistente. Destaca-se pela abundância de flores brancas em cachos, que logo se transformam em pequenas bagas alaranjadas. Nesta ocasião, fazem a alegria de muitos pássaros, inclusive o sabiá (Turdus rufiventris) que lhe traz fama.
Muito fácil de cultivar, aprecia solos organo-argilosos e que retenham um pouco de umidade. Precisa de luz solar direta ou indireta para vegetar com vigor. Vai bem climas subtropicais e tropicais, até mesmo em vasos. Incia a frutificação em pouco tempo.
Além dos predicados ornitófilos, a fruteira-do-sabiá vem sendo objeto de muitas pesquisas recentes, pois descobriu-se que um grupo de substâncias presentes em suas folhas (vitanolídeos) possui destacada atividade anti-cancerígena. Àqueles que se interessarem pelo assunto, recomendo uma pesquisa no Google.
Mas sem dúvida o repentino interesse pelo plantio de Acnistus arborescens deve-se ao trabalho de divulgação de dois apaixonados por aves nativas, Johan e Christian Dalgas Frisch. Na obra "Aves brasileiras e plantas que as atraem", publicada em 2005, os autores apresentam uma bela gravura de um sabíá-laranjeira refestelando-se com a fruta. Com a crescente urbanização de nossas cidades e consequente redução de área verde, quem não gostaria de atrair pássaros para seu jardim, ou mesmo sua varanda de apartamento?
Pois mesmo assim, ainda são raras as mudas da fruta-do-sabiá nos viveiros ou sementeiras por este Brasil afora, como testemunha José Luiz no início deste texto. Foi pensando em pessoas como ele, que recentemente disponibilizamos esta interessante "fruta para pássaros" no E-jardim:
Forte abraço!
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